sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

retomando






"clareira no tempo
cadeia das horas
eu meço no vento
o passo de agora"


e, por aqui mesmo, eu digo que isso é bem mais bonito do que qualquer filme alternativo. pra falar a verdade, é muito mais bonito do que aqueles filmes que a gente assistia na sessão da tarde, quando tinhamos doze anos e achavamos que o mundo não passava da nossa sala. lembra?
e vai continuar assim. a sua cor, sua pele e seus sorrisos nunca estiveram mais presentes. e, eu juro, posso sentir o seu cheiro nas cobertas.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

medo de avião

acontece, assim meio que sem querer. vem de dentro, das entranhas, do mais interno e escondido sentimento. querer, eu quero. lutar por isso, é o que pesa. sabe como é?
se tudo fosse assim, como na música, seria tudo mais fácil. as coisas vão indo, andando, caminhando, seguindo, acaba-se tudo.
as marcas de feridas posteriores já saltam, como se fossem reais. é o medo. é esse sentimento, que mesmo estando escondido, faz tudo sangrar e acaba sendo fundamental.
aí, nessa hora, fala-se: ''eu tô dando tudo de mim, eu juro que tô!''
meio de que imediato, ouve-se: ''não exagere.''
sabe como é, né?
ser importante, ter mil obrigações, ter a obrigação de causar sensações boas. acho que, bem no fundo, é isso que me afasta. mesmo não sendo minha vontade, isso funciona como um efeito magnético. uma coisa repulsiva, entende? é só armar um esquema físico. eu, a obrigação e a distância. a obrigação é proporcionalmente igual ao aumento da distância. fui claro?
mas, em se tratando de dilemas físicos, há uma solução.
seja leve, suave e entenda essas falhas. seja mais veloso, mais buarque, mais regina, mais jobim. deixe levar, que uma hora tudo acontecerá. tudo em seu tempo, calmamente e sem muita gritaria ou alarde.
por falar em gritos, por favor, não grite. se gritar, eu corro. se fizer alarde, eu pulo.
consegue me entender?
não é por falta de sentimento, é justamente o oposto. é muita coisa, pouco tempo, muita pressão. e, assim como o barulho e o alarde, eu odeio a pressão.
pode ser só mais um devaneio, mas é assim que se chega em um ponto comum. não é? consegue entender? é falando, escrevendo, tomando café e tendo vontade de fumar que se chega ao tão desejado acerto.
então, por fim, estamos acertados? tudo bem?
veja, é simples. apesar de tão longe e, ao mesmo tempo, tão cheio de voltas, é simples.
e, só mais um pedido, continue tendo os mesmos olhos infantis.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

''boa noite''

pode ser longe, e tudo mais. mas, mesmo nem conhecendo, dá um aperto tão grande no peito...
quando tudo parece se encaixar, o que fazer? desfazer. há perguntas que não possuem respostas. temos de nos conformar, seguir e tentar levar.
ela tem ar de inverno, cheiro de verão e olhos de outuno.
e os olhos, sinceramente, são lindos.
e, diga-se de passagem, não há cibelle no mundo que me faça pensar que isso não dará certo.
por mim, tudo bem. é duro, mas vale tentar. e, por mim, eu ficaria parafraseando durante a noite inteira.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

albie e seu cabelo de macarrão

-nos últimos seis meses, o disco mais ouvido aqui em casa. é algo bom, afinal, até meu pai gostou! prometo, um dia lançarei um disco assim.




SCARED
Albert Hammond Jr.

You know that something inside of you
Still plays a part in what I do, always
I'm here for you
I think that if we were all we had
That's more than most people ever have, anyway
Oh anyway, you can stay here

I know you're still there because you're scared that you'll lose everybody
I know you're still there because you're scared that you'll lose everything
I know you're still there because you're scared

I'm here if you're scared to go through
Anything just reach out in front of you, always
Won't you stay near
So close we played it as if we cared
Don't stop now that we're almost there, anyway
Oh I'm here for you I

I know you're still there because you're scared that you'll lose everybody
I know you're still there because you're scared that you'll lose everything
I know you're still there because you're scared
(...)

domingo, 28 de outubro de 2007

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

brincando de ser sério

era pra ser só uma brincadeira, uma espécie de diversão, mas deu nisso. e eu, logo eu, só posso dizer que lamento.
você nem vai sentir falta, eu sei. afinal, você vivia falando do meu cabelo bagunçado, da minha cara de drogado, do meu jeito meio sonolento. e hoje, logo hoje, eu cortei o cabelo. cortei bastante, pra ficar com jeito de cabelo bem cuidado e com cara de estudioso que se preocupa com a imagem que passa.
fiz, e estou fazendo, de um jeito que você não gosta. você vai olhar pra mim e dizer que eu mudei, que não sou mais o mesmo e que você não gosta dessa nova versão de mim.
só posso dizer, como já disse, que lamento. e, também, que apesar dos cabelos estarem mais curtos, eu continuo sendo o mesmo sujeito que te ligava e desligava, logo em seguida, só para não gastar os créditos.

sábado, 13 de outubro de 2007

nervos de aço

muitas vezes, principalmente quando está frio, a gente fica meio diferente. as coisas mudam, e parece que é culpa do tempo, ou do clima. se você fuma muito, no frio você fumará ainda mais.
se, por um mero acaso, você já está meio cansado de conviver com pessoas que não são tão agradáveis, no frio você passa a ignorá-los e começa a ver que assim é melhor.
é no inverno, mesmo que passageiro, que a saudade vem. e bate forte, viu?
só de olhar o quarto, todo arrumado e com os discos perfilados atrás dos livros, já aparece a vontade de ouvir o mesmo poeta cantante de sempre.
é assim mesmo.
eu acho que isso sempre vai me acompanhar. anos e anos, vividos em um mês. ontem completaram-se onze meses, mas parece que foi ontem.
(ainda bem que eu posso falar abertamente, já que o foco da questão não costuma ler isso.)

e é assim, no escuro e com o coração lobo-mau em pedaços, que eu imploro a volta do verão. demore, mas volte.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

sinceridade

um pianinho ao fundo, a voz de bêbado e mais um punhado de sentimentos. é isso que mais acontece, que teima em voltar. você acertou, mas eu errei.

tô cansado, cansado mesmo.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Long Plays


já roubei muitos corações com as canções mais nervosas
que o mundo há de ouvir
mas agora estou só
e não pense que é tão ruim
sendo só os meus discos posso ouvir e ser feliz
bem longe de ti

e eu não nem ligar se você me disser que não vai mais voltar
e eu não vou nem ligar se você me julgar
mais um cara vulgar
no fundo deste poço achei algo que vale a pena:
viver

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Gol!


Na minha melhor fase, eu escrevo. Nunca fiz tantas letras, tantas melodias e nunca tive uma barba tão imponente.

Acordo sorrindo, pego uma caixa de fósforos e faço um sambinha, dos mais marotos.

Cada vez mais, para o delírio das gerais, ando cantando os chutes, os dribles e a ginga.

sábado, 15 de setembro de 2007

Condicional

"eu quis ter os pés no chão
tanto eu abri mão
hoje eu entendi, sonho não se dá."
(...)

terça-feira, 11 de setembro de 2007

O fogo na construção

É assim. Com a janela fechada, com o disco rodando e com o olho vermelho. É assim. Não podia ser assim, não mesmo. Era pra ser iluminado com uma construção que tem fogo na ponta, era pra eu estar deitado no cimento, era pra ser bonito.
Era pra ter cerveja de graça. Era pra ser daquele jeito.
Não era pra eu ouvir essa música e sentir vontade de chorar. Não era pra eu fumar, era pra eu parar.
Era pra ela. Ela tinha. Ela não doia, nem berrava quando estava caindo.
Não era pra eu acordar cedo, com meu irmão batendo na porta e pedindo minha mochila. Não mesmo. Era pra eu dormir bem, acordar mais tarde, ir até o lugar planejado e comer algo bem feito e um café quente. Depois, se eu ainda não estivesse aqui, eu fumaria um cigarro e ela diria o mesmo de sempre. Faria cara de contente, me abraçaria e a gente sairia desse lugar (lugar esse que, na verdade, nem estava nos planos. né?).
Ela me olharia e diria: -''Ahhh!''
A gente se abraçaria, sairia andando e dobrariamos a esquina.
Não era pra eu estar aqui, não era pra estar lá. Não era pra eu ter dito isso.
Era pra ela ler isso. Mas, com certeza, ela vai estar ocupada com o seu novo velho amor. E eu, enquanto isso, vou ficar pensando se deveria, ou não, ter feito tudo isso.
Só para esse texto não acabar assim, meio arredio, eu digo que estou bem. Estou com roupas limpas, bem alimentado, em casa. Estou bem. E você? Tomara que não esteja ouvindo Cat power.

domingo, 2 de setembro de 2007

Mãos dadas

''Saiba, todo mundo teve medo
Mesmo que seja segredo
Nietzsche e Simone de Beauvoir
Fernandinho Beira-Mar''


Eu tenho medo, muito medo. E isso, nem de longe, é um segredo.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

A gente vai passar

''- Veja você onde é que o barco foi desaguar
- a gente só queria o amor...
- Deus às vezes parece se esquecer
- ai, não fala isso, por favor
Esse é só o começo do fim da nossa vida
Deixa chegar o sonho, prepara uma avenida
que a gente vai passar

- Veja você, quando é que tudo foi desabar
A gente corre pra se esconder...
- E se amar, se amar até o fim
- sem saber que o fim já vai chegar
Deixa o moço bater que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos pra um amor de tantas rugas
não ter o seu lugar

Abre a janela agora, deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
que estamos sós no céu
Abre as cortinas pra mim
que eu não me escondo de ninguém
O amor já desvendou nosso lugar
e agora esta de bem''

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Drummond

Quando tudo era fácil, eu tratava de complicar. Complicava tudo, mesmo quando a situação só exigia um simples empurrão. Sentava ao lado da cadeira dela, ainda no primário, e ficava calado. Sempre fiz questão de ser atrasado, retardado, complicado.
Hoje, dez anos depois, a situação se repete. Eu teimo em complicar, não ver, seguir cegamente amarrado em meus próprios temores.
Enfim, sou um sujeito chato e massante. Sou cheio de manias inexplicáveis e, desde que comecei a frequentar a escola, faço tudo dar errado só para ter o prazer de achar soluções.
Já perdi coisas, pessoas e sentimentos por causa disso. Poderia ter dado certo, mas eu sempre estrago.
Dessa vez, eu até comecei bem. Não me envolvi, bancava o espertinho e não demonstrava sentimento. Isso mesmo.
Em um dado momento, um desses que a gente não se reconhece, eu comecei a fazer tudo desandar e não busquei melhoria alguma.
Mas, mesmo com todos esses atropelos e loucuras, eu aprendi que mais vale simplificar.
Assim mesmo, sem muito arrodeios, como diria Drummond: ''Amar se aprende amando!''

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Azulado

Ninguém sobrevive sem banho, comida e roupas limpas. Ao contrário do que havia dito, não quero parecer um zumbi e vou ser claro no que digo.
Bancar o sujinho, com cabelo cheio de parasitas e com roupas rasgadas não é pra mim. Prefiro estar meio sóbrio, com poucos cigarros no bolso, alimentado e lendo um bom livro.
Pra quê renegar a coloração vigente e me fazer de penoso? Bancar o rapaz londrino, às vezes, cansa.
''Trato feito?''; É, trato feito. Não fumo mais em casa, não vou mais sumir e ficar sem dar notícias, vou levar meu celular e não saio de casa sem comer.
Quanto ao líquido maldito, eu prometo diminuir.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

You only live once!


O jeito de sonolento, e bêbado, continua.

Pra variar, algumas doses de conhaque e muitos cigarros. A barba, que se prolifera pelo rosto, dá um ar de mendigo e os cabelos, que não passam perto de um pente há tempos, só divulgam que estou em uma fase decadente.

Não vou parar de beber, nem de fumar, nem de escrever quando estou assim. Afinal, eu só vou viver uma vez.

Consegui!


Fico pensando na tristeza que vai ser o meu funeral. Ainda bem que eu não vou estar presente! Imagino que, como é lei, aquelas pessoas que durante a minha vida inteira nunca me disseram uma única palavra de amor irão fazer discursos mostrando o quanto me amavam. (Ora, se me amavam, por que eu não fiquei sabendo disso, cáspita?!) Depois todo mundo vai continuar com suas vidas. Depois de ter a minha carne devidamente jantada pelos microorganismos decompositores, depois de alguns anos eu vou ser progressivamente esquecido pelos homens, meu aniversário não será mais comemorado, as visitas ao meu túmulo vão começar a rarear, as pessoas que me conheçeram também vão começar a morrer, e logo serei um nome qualquer escrito numa lápide num lugar lotado de lápides e nomes, e com o tempo, sim, até o nome na lápide se apagará, até os meus ossos virarão pó, até o planeta onde estão os meus ossos desaparecerá... Às vezes fico pensando se é verdade a frase mais triste que eu já li num livro: será mesmo que “o esquecimento é a última palavra do nosso destino comum?”


Daí entendo porque foi preciso inventar a mentira de um Deus e de um Paraíso e acreditar nessa ladainha toda... Sem essas ilusões, talvez seja verdade que a vida seja triste demais. Mas o que faz o infeliz incapaz de se deixar enganar?


E aí eu penso que talvez a vida humana não tenho mesmo nenhum sentido e nenhum valor para o Universo, que a raça humana seja um monte de animaiszinhos que logo não estarão mais aqui (se os dinossauros foram extintos, por que nós não seríamos?), que a Natureza é completamente indiferente à vida. Se alguma desgraça acontecesse, tipo um mega-cometa vindo se chocar contra o planeta Terra, acabando com toda a vida que existe, tenho a suspeita de que o Universo continuaria aí, existindo, com seus sóis e planetas e galáxias, sem derramar uma única lágrima pelo fim da vida. Iria continuar existindo, sem vida. Pra quê não sei.


E aí eu penso que a única coisa que temos é isso: uns aos outros. Que a única fonte de sentido e de valor é o amor. Que o máximo que podemos pretender é ter uma importância ultra-relativa: sermos especiais para aqueles que amamos, quem sabe sermos úteis para a humanidade como um todo, se der. Afinal de contas, para o Universo nós não somos nada, e tudo que vale a pena é o amor daqueles que nos viram passar por esse mundo. Sem isso, sem esse pouco, sem esse tudo, nada tem sentido.

E você?


"Pra que teorizar sobre estar só
se o inverso de ser feliz
é a certeza de saber que nem sempre
temos respostas que queremos ouvir?

Então me liga! – Ela disse.
Na verdade sequer lembra o meu nome.
Ligo sim... é claro. – Respondi.
Acabo sempre ligando.
'Sabe, hoje talvez passe aquele filme
que eu gosto tanto'...

É, eu podia ser gentil
e perguntar coisas fúteis,
mas o que eu queria mesmo
é ter um copo de água suja pra beber
e parar de fingir não saber
se o vazio é bem maior
agora que sabemos ter feito o melhor pra nós dois
e deixamos tudo mais pra depois.

Sabe, às vezes penso mesmo que dizer
'Deixa pra lá' cansa menos... e você?"

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Calcanhares descobertos

''Depois de ter você,
Pra quê querer saber que horas são?
Se é noite ou faz calor?
Se estamos no verão?
Se o sol virá ou não?
Ou pra quê é que serve uma canção como essa?

Depois de ter você,
Poetas para quê? Os deuses? As dúvidas?
Pra quê amendoeiras pelas ruas?
Para quê servem as ruas?
Depois de ter você...''

Ando te escutando demais, Adriana. Essa música não diz muita coisa, mas gruda feito goma de mascar.

Nicotina em demasia


Ansiedade, falta de argumentos, tragédias anunciadas, muitos cigarros. Onde isso vai parar?
O número de vezes que eu sento aqui, levanto e vou até a sala, volto e desligo o monitor, ouço a mesma música, ligo o monitor e vejo que não está e vou para a sala são incontáveis.
Falta algo, não sei bem do que se trata. Por favor, responda logo e siga seu caminho!

Sais e Minerais

Férias, festas, porres e tudo que me fez ficar meio sonolento e lesado por, mais ou menos, um mês. Isso tudo, nesse curto tempo, foi muito bom.
E, nesse espaço de tempo, muitos conceitos mudaram na minha cabeça. Ser mais racional, né? Pois é, na maioria das vezes eu consegui.
O meu maior defeito, segundo ela, é o excesso de palavras.
Indipendente do que acontecerá de hoje em diante, estou sossegado. Não espero pouco, nem muito, nem nada. Eu só quero que tudo siga, da melhor forma possível.
Mas, pensando um pouco em mim, eu gostei bastante. Foi bom, até melhor do que eu esperava. O melhor de tudo isso é a lição que ficou, o ensinamento. Farei mais, pensarei menos.
E quanto a nós, continuamos brincando, que é a coisa mais séria que existe.
A parte estranha, disso tudo, é o momento. Parece que anda tudo meio embolado, meio nublado. Mas, se eu for culpar o destino, não estaria nem escrevendo isso.
Deixe isso se desenrolar, mas não deixe o verão passar. Não façamos disso mais um nó em nossas vidas, que já é tão cheia deles.
''Ando, ainda, atrás desse tempo ter. Pude não correr pra ele me encontrar. Não se mexer, beija-flor no ar.''

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

''rápido como as árvores se tornam manchas, a ação mistura o real e o inventado
ja falei sobre isso antes; sobre pés e rodas marcando caminhos e o sabor da morte em meus sentidos
devo ir, sugando cada instante
e o que nós vamos guardar desses dias?
os flyers e as fotos, as cartas e os mortos, não deixamos enterrar
os velhos lugares têm novas pessoas
quanto tempo vão durar?
mudar o mundo será apenas mudar o mundo de lugar
se o conteúdo se refaz não preciso quebrar ou mudar a embalagem''

Coligere.

O Barba Ruiva, o de Goiânia.

Eu tenho vários amigos, vários mesmo. Mas, há uns que são mais amigos, mais colegas, mais confiantes e mais confiáveis. Tem um deles, só pra ilustrar, que é meio estranhão. Ele sempre dorme aqui em casa e vive pedindo meus ''shorts'' emprestado, usa escova de dente nova e ainda leva pra casa.
Esse amigo tem o péssimo hábito de comer muito. Ele come meus miojos de brócolis, as bolachas do meu pai e fica me pedindo, a noite inteira, pra eu fazer suco de cupuaçu. Ele é tipo que acorda na hora do almoço, come minha soja, liga pro pai dele e vai embora. Ê amizade, viu?
Mas não é feito só de defeitos, não, não. Ele tem uns pêlos ruivos no meio da barba negra. Se eu tivesse a barba ruiva, diria que sou parecido com o Amarante. Mas ele, como bom hardecoriano que é, diz que não se importa com a barba e que ela é só um acaso natural.
Além de comer todos os meus miojos, ele ainda me atormenta bastante! Fica dizendo que eu vou morrer por causa do cigarro, diz que minha barba é falhada, implica com as marcas de espinha na minhas costas e ainda me chama de ''acreano viado''. Ê amizade, viu?
Mas, mesmo com tudo isso, eu gosto dele. Ele é assim, meio esquisitão, mas de vez em quando chega aqui em casa contando histórias de ''roqueiras que querem emagrecer''. É um menino cobiçado, percebe?
É, ele é meu amigo. Só resta saber se, quando ele já for careca, nós ainda comeremos miojo e ouviremos ska cubano.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Poço de Hombridade

''Desde que eu me entendo por gente,
Volta e meia eu tenho o mesmo sonho.
Quer dizer, são dois os meus sonhos recorrentes,
Mas um deles nem é tão ruim assim.
Nesse outro, que é o mais pertubador de todos,
Eu me vejo conversando com um pequeno grupo de pessoas
quando,
De repente,
Eu sinto todos os meus dentes se soltando na minha
boca,
Sem qualquer explicação razoável,
Todos eles tentando avançar na direção da minha
garganta.
Sem outra opção,
Eu encerro a conversa imediatamente
E saio andando com pressa na rua,
Tentando fazer com quem ninguém perceba o que está
acontecendo
O que se revela um esforço completamente inútil,
Porque os dentes
(supreendentemente brancos, volumosos e arredondados)
Começa a escapar da minha boca,
Empurrados por uma violenta cachoeira de sangue,
E espalhafatosamente caem na palma da minha mão.
Desesperado, eu tento perdir socorro e o sonho acaba.
Exatamente aí.
Eu acordo sempre nessa parte.''

Jair Naves.

Sobre a Indiferença

Sobre a indiferença, há um nobre segredo: ela se apresenta em poucos.
Olhe para os olhos, não faça movimentos com a boca. Mantenha o olhar de lado, mas sempre olhe nos olhos.
Demonstre frieza, mesmo se for o mais palerma dos mortais. A frieza é um dos quesitos para o êxito.
Passe a mão na nuca, olhando um pouco para baixo e bagunçando os cabelos. Isso vai demonstrar um certo desinteresse pelas palavras alheias.
Mesmo que você esteja se sentindo algo frágil, pequeno, mostre-se forte e sempre pronto para tudo. Se você fumar, fume pouco. Os cigarros denotam uma certa inquietude, se é que me entende.
As roupas também são importantes. Muito importantes! Você tem que usar boas roupas, dentro do seu padrão. Tem de manter a postura ereta, sem se curvar muito. Deixando sempre o queixo alto e o os olhos em um bom nível.
Se, depois disso, você não conseguir demonstrar indiferença, é simples: seu ''oponente'' é mais esperto que você.

domingo, 29 de julho de 2007

Ploct!

Não tenho o mesmo brio de outros tempos. É só olhar para tudo e constatar: muita coisa mudou.
O difícil disso tudo não é conviver com a perda. Não. O difícil é conviver com os ganhos, saber digerir e não magoar as entranhas.
Tudo bem, já não sinto nada. Mas, queria tanto sentir como sentia!
O fato é que não há, e nunca haverá, uma uma explicação sobre esse negócio de perder e ganhar.
Já não sofro, não choro e ando com minhas próprias pernas. Mas, eu não queria só não chorar. Entende?
Ela pega na minha mão e começa a dançar. Eu, muito cansado, digo que prefiro ficar sentado e olhar o jeito que os olhos dela abrem e fazem um desenho estranho.
Enfim, vou levando. Quando não der, eu sento e fico olhando.

terça-feira, 24 de julho de 2007

O cigarro de chocolate

''Talvez precise bem mais que um sorriso incapaz de me prender a atenção.
Mas foi tão bonito estarmos sentados, aqui, sem dizer nada, esperando o calor tomar corpo.
(...)
Só sei que quero parar de fingir não ver no dia um caminho cada vez mais longo. Só sei que quero voltar a acreditar que a vida seja, bem mais, que um horizonte.
(...)
Não posso continuar a acreditar que a vida seja algo tão distante...''

Começando o dia, terminando a noite. Banho tomado. É sempre assim, quando tudo está escuro e sem nexo, algo aparece e faz de tudo algo mais sem sentido ainda. Mas, ao contrário do primeiro estágio, a luz até faz meus olhos arderem.
Não posso falar muito, pode ser só momento. Mas, mesmo que tenha sido só aquilo, já valeu. Já foi de grande valia, já me fez ficar com ar novos nos pulmões.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Sendo eu, por um dia

Ouvindo a banda que convém, bebendo um belo conhaque e fumando os mesmos cigarros que meu poeta preferido fumava.
É, o tempo passa, não é? No decimo quarto dia do corrente mês completou-se um ano desde o primeiro ''oi''.
Nada de lamentações, certo? ''Eu mereço, enfim.''
Hoje, só hoje, não vou fazer a barba. Não vou colocar uma camisa, nem vou baixar a perna da calça. Hoje, só hoje, eu sou como sempre quis ser. Seguirei, como sempre quis seguir, curando uma ressaca com outro porre e penando para ir até a próxima esquina comprar mais um maço de Malboro.
Ao lado de meu amigo ruivo, com o conhaque nos apoiando, eu encerro. Abraço!

terça-feira, 3 de julho de 2007

Só ano que vem!


O melhor álbum que comprei ultimamente.
E o carnaval, só ano que vem!

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Mais Justo

Você veio então
Com esse doce olhar
Como quem não tem nada a ver
Com o que se passa em meu coração
Agora...

Você trouxe para mim
Uma divina solução
Como se já soubesse que sempre
Eu te acompanho
E não insisto em vão
E te hospedo mais
Cada vez mais

Quando se der conta
Que eu penso em cada vôo
Alimento minha razão de viver
E de ser feliz
A cada vez mais

Eu tenho um sonho eterno com você
Estou acordado

Gordinhos bebedores de Coca-Cola e com óculos redondo!

Esses sujeitinhos medíocres, que passam toda a vida trancados em casa comendo chocolate e lendo gibi do Maurício de Souza, que temem até um piar de passarinho, que estremecem quando a mãe diz que não vai comprar requeijão. Têm blogs escrotos, não sabem escrever e julgam-se ''modernos'', pelo simples fato de beijar meninos e meninas. Não tenho nada contra isso, o problema é como eles encaram esse fato. Pra eles, beijar meninos e meninas, é mais uma faixada(um modo peculiar de aparecerem como inovadores);
A modernidade vem da mente, pombas! Ah, outra coisa, ser moderno é bom? Se ser moderno é ser ridículo daquele jeito, sou o mais jurássico possível.
Ah, ainda não falei sobre isso, eles ainda julgam-se bons na sétima arte. Uns até falam sobre ''Berrrrgman'' como se fosse seu vizinho, entende?
É uma coisa tão patética, chega a dar vontade de bater!
Mas o pior não é isso! Tá assustado? Calma, vem mais. Eles são gordinhos, usam óculos e bebem Coca-Cola, dizendo: ''sem isso eu não vivo!''; ''Porra, mas que merda é essa, seu escroto? Tu não agüenta viver sem uma merda de líquido escuro que corroe teu estômago?''
Não dá, eu não consigo falar deles sem perder o controle.
Ah, só para completar o estrago, eles são direitistas/neoliberais/capitalistas/burgueses/filhos da puta! Quer mais?
Ah, como eu odeio esse tipo de gente...
Sabe qual foi o conselho que um deles me deu? ''Pinta o cabelo de preto, você vai ficar lindo, vai destacar seu olho!''
Vou pintar o olho dele de roxo, isso sim! Cambada de escrotos, viu?
Esse tipo de gente faz aparecer em mim os sentimentos mais animalescos, mais temorosos.
E, para não dizerem que a recíproca não é verdadeira, ontem eu encontrei um deles na rua e ele me olhou com cara de choro. :D
Eu me senti mal, quase desisti de fazer pose de exterminador, mas não consegui. Ele até abaixou a cabeça, que tristeza! Hahahah!!
Ah, se você não gostou do texto e se identifica com os ''Gordinhos bebedores de coca'', tente argumentar comigo ao me ver. Você vai ser mais um massacrado!

terça-feira, 19 de junho de 2007

Um abraço na mãe e no pai

''Agora já tá tudo bem
Mas a ligação está no fim
Tem um japonês atrás de mim
Aquela aquarela mudou
Na estrada peguei uma cor
Capaz de cair um toró
estou me sentindo um jiló
Eu tenho tesão é no mar
Assim que o inverno passar
Bateu uma saudade de ti
Estou a fim de encarar um siri
Com a bênção do Nosso Senhor
O sol nunca mais vai se pôr''
Hoje é dia de comemoração. Exaltar o mestre e dizer o quão ele é genial. Nem parece um senhor de sessenta e três anos ! Mais parece um menino, com dezoito e uma barba rala pelo rosto.

domingo, 17 de junho de 2007

Entrando na puberdade, pela porta da frente

E a barba voltou a aparecer. Depois de dezessete dias, voltamos ao estágio inicial! Tenho escrito muita coisa, mas nada me parece muito ordenado e conexo. Enfim, eu sentei aqui só para dizer que minha barba tem crescido com um volume assustador. Pronto, já disse.
Beijo, depois te ligo!

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Mundo enquadrado

Tudo anda meio movimentado, com um cheiro de pneu queimado pairando no ar.
Enfim despertou-se a causa adormecida e a luta parece mais viva do que nunca.
Subjetivar um assunto assim é, no mínimo, obrigação.
Falar sobre uma coisa de tanta relevância, com um apelo social tão grande é algo de extrema obrigação aos que se dizem racionais.
Amanhã acontecerão mais tantos outros manifestos, tantas outras explosões de revolta e racionalidade afetada pelos mais internos e adormecidos sentimentos.
A alegria por estar vivo fica meio escondida em meio a tanta indignação. O conhecimento sobre literatura e artes só serve para confeccionarmos cartazes de protesto. Por fim, o que sobra é o que sempre restou, o ideais e a busca pela plena condição de sobrevivência.
Enfim, passeamos pelo escuro mas hoje não precisamos de uma cápsula protetora, de um filtro para graus. Divertir gente e chorar ao telefone é muito fácil, difícil é ver tudo enquadrado.

domingo, 3 de junho de 2007

Nuvens sobre o seu quarto

É tão difícil saber o quão estou certo ou errado, é complicado e desconexo. Ouvir músicas e falar sobre isso já não basta, é preciso um pouco mais de força, um pouco mais de atenção. Enquanto eu ainda choro, o objeto do choro vai desaparecendo vagarosamente do meu mundo.
''A batida de fundo, a conversa que corre na rua é que o fogo no seu coração está apagado. Tenho certeza que você ouviu isso tudo antes, mas você nunca realmente teve uma dúvida. Eu não creio que alguém sinta-se do modo como eu me sinto a seu respeito neste momento.''
É difícil, mas a recomendo a mim mesmo certas coisas. Recomendo-me a não olhar para trás e sentir raiva, ou qualquer sentimento que valha ser esquecido.
Sim, eu tenho noção de como, e com quem, estou me envolvendo. Também tenho certeza que, em nenhum momento, qualquer arrependimento será válido ou justo.
''E todas as estradas que conduzem até você eram
sinuosas, e todas as luzes que iluminam o caminho estão cegando. Existem muitas coisas que eu gostaria de dizer para você, mas eu não sei como...''
Assim como lá, aqui também moram incertezas. Mas, em momento algum, morou o medo. Medo, de quem? Não temo ninguém, a não ser eu mesmo.
Então, veja que o passado já é só mais uma página e que o futuro não pode ser escrito da mesma forma. Que o erro, mesmo tendo sido tão errante, foi embora como uma nuvem negra e o presente é muito mais limpido e cristalino.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Paralamas, Brasília e o futebol

''Desculpas é que eu não devo pedir
Pelo que quero e o que não quero fazer

Outro dia eu apareço
Enquanto isso vamos nos entender
Esqueça o que te disseram
Sobre casa, filhos e televisão
É preciso sangue frio pra ver
Que o sangue é quente
E que vai ser diferente
Ah! Vai ser diferente
Ah! Vai ser diferente

Pode ser o que você nunca viu
Pode ser o que você tem na mão
Pode ser exatamente o que eu digo
E também pode não
Então esqueça seus sonhos
Esqueça as regras e a exceção
É mais real cru e fascinante''

Paralamas do Sucesso, uma banda e tanto! Hoje, em Brasília,foi um dia meio anormal.
Joguei futebol, caminhei, tomei café fresquinho e comi uma soja.
Vai ver que é por conta da foto que ganhei e dos Paralamas,que têm letras mais que boas. E o desejo, enfim, é atendido.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Olhos, os mesmos

Falar sobre o passado e o futuro é complexo demais. Ando meio sem rumo, isso nunca foi segredo. Cada vez mais viciado no álcool, o sono só vem quando o peso dele cai sobre meus ombros. Até mesmo falar sobre formigas, tudo me dá desanimo. Quando olho a lista de tarefas do dia, quando penso que tenho que assistir ao noticiário para manter-me informado, quando escuto as canções que costumo escutar quando estou por essas bandas, sempre deixo que a memória traga lembranças de um tempo pouco distante.
Escuto histórias de uma menina que trabalha no correio e que namora um rapaz eletricista, isso me dá medo. São tantos os motivos para fazer o ventilador parar, mas a energia que ele consome eu não pago.
Os dias têm sido assim, à base de conversas massantes e de muita dor de cabeça. Sempre acaba em um beijo, eu sei, mas sempre acabo bêbado.
O presente é diferente, hoje eu estou mais normal. Não houveram decisões marcantes, mas houveram fatos que marcarão. Houveram, acima de tudo, momentos memoráveis.
Sobre a frustração sempre está a facinação, essa sempre me acompanhou.
Com essas lembranças eu até esqueço da chama que gera fumaça, que envolve a sala e o quarto ao lado em que meu amigo dorme e se prepara para um novo dia. Amigo, grande favor me fazes! Quem mais abrigaria um sujeito desordeiro e que cozinha mal como eu? Grande pessoa, com grande espírito e com uma alma nobre.
Amanhã, só amanhã, nascerá um novo sol. Um sol que, consigo, consegue trazer luz e ardor nos olhos. Causa ardor nos olhos de sempre, que continuam a ver as mesmas coisas novas.

sábado, 26 de maio de 2007

Maldita Cidade

Essa cidade, fria e seca, reluz um momento diferente.
Tudo aqui é meio distante e causa medo, mas é novo. O novo é sempre cheio de surpresas e sustos, mas é novo.
Não sei muito bem o que quero dizer, mas sinto uma enorme vontade de desentalar um nó que anda preso ao meio peito, que acompanha-me há uns meses.
Os dias, com o nó, são doloridos e demoram a correr.
Hoje, sentado em um bar, o nó me apertava e fazia meu peito doer cada vez mais. Eu pedi ajuda, mas foi em vão. Tentei tragar um cigarro, mas ele só se fez pior. A bebida piorava tudo, o sono fazia da minha estada naquele local algo sufocante e desesperador.
Falo de dor corporal, coisa simples.
A alma, e todo o interior, vai bem. Não tão bem, mas as coisas ajeitam-se com o tempo.
Com todo esse frio, essa impureza desorganizada,e tudo mais que a solidão me faz lembrar, me despeço.
E, que amanhã possa ser menos insuportável que hoje.

terça-feira, 22 de maio de 2007

A volta, a idéia e a fase

Às vezes, só às vezes, encontramos pessoas que falam coisas com sentido. Não é certo escutá-las na íntegra. O mais certo é calar, ouvir pouco aqui, pouco lá. Informações de uma só fonte geram desordem, principalmente em nós mesmos.
Os anos passam e correm, com velocidade invejável. Tudo acaba sendo um grande bolo de experiências, sensações e novas emoções. Falar de sentimentos é difícil demais, por enquanto procurarei falar sobre o simples (mas que às vezes de simples não tem nada) fato de existir. Agradeço os pedidos, os recados e as palavras de apoio. É bom ver que alguém gosta do que escrevo, falo e faço. Vou continuar escrevendo, desse jeito estranho e simples. Falando sobre o cotidiano de um adolescente, sobre a sorte e o azar.
E o desejo continua, manhãs melhores!