terça-feira, 1 de janeiro de 2008

reveillon regional

acho que minha tarefa mais difícil seria retratar aquela cena, no meio da festa. mas, tá, vamos lá. imaginem uma casa, com várias pessoas, com uma mesa gigante e com todo mundo de branco. agora imagem uma janelinha de vidro, um pouco afastada da mesa, um sujeito com jeito de bêbado, com os olhos vermelhos, com uma roupa suja e com o cabelo bagunçado.
esse sujeito se aproxima da janelinha, olha pra tv e vê os fogos. ele volta a olhar pra janela, e o céu parece estar meio triste, meio fechado.
sabe como é, né?
sabe quando eu passo a mão na barba, olho pra cima, coço o ombro esquerdo com a mão direita e digo: ''é, mais um ano...''.
pois é, é justamente isso. é justamente isso que eu fazia naquele momento.

acho que a saudade, com a decepção e a tristeza causa vontade de ficar deitado, sono e falta de fome. falta de fome, logo aqui. eu, que sou vegetariano, ando sofrendo um bocado. todos os dias há churrasco, muito churrasco. e eu lá, com meu arroz e minha salada com maionese. até em velório eles serve carne. o defunto lá, estendido na sala, e o povo falando do grêmio e comendo carne. é triste.
nas grandes reuniões familiares, ele sempre brigam. acham que é desfeita não comer a costela de boi, e fazem de tudo pra que eu me sinta o sujeito mais imbecil do mundo. aquelas carnes, enfiadas em espetos, passando na minha cara. o bom é que eles bebem. e bebem muito, viu? bebem feito gente grande! e eu, logicamente, acompanho. é, acho que não gostaria de viver aqui. tem cerveja, mas falta muita coisa.


e é isso, né? ano passado eu estava santa catarina, esse ano estou no rio grande do sul. tomara que ano que vem eu esteja no paraná, pra assim mudar de vez de região.