domingo, 18 de maio de 2008

john coltrane - i want to talk about you - 1962

acordar meio lerdo, com a cabeça pesada e com o corpo tremendo de frio. colocar o disco mais antigo do john coltrane na vitrola, deitar no sofá e ficar olhando pro teto. de vez em quando ir até o quarto pegar o celular e ler a mensagem da noite passada. ficar revivendo um quadro de lembranças que não passaram de voz, imagem e sentimentos.
mas, nem foi preciso mais nada. foi aquilo, representou aquilo e em mim durará por muito tempo. era bonito, sabe? e nem 'existia'. eu acho que seu medo morava em estragar aquilo que parecia tão bom. você é mesmo muito esperta.

e quem dirá que existiu? todos me dizem que devo ir pelo caminho mais simples, mas você sabe como funciona. é melhor assim, é mais divertido e contra o pensamento comum. e por você... ah!vou usar aquela frase que usei uma vez, mas você nem notou. por você, faria isso mil vezes. lembra do livro? acho que não.

você ainda mora aqui, mesmo estando cada vez menor.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

caixa de recortes

dia de abrir a caixa. ver as cartas antigas, os flyers de shows, os ingressos de jogos, o poster do millencolin, as fotos de quando eu gostava ainda mais de hardcore e todos os registros toscos que eu fazia.
achei um, dentro de um livro de bolso do bukowski, que é bem antigo. acho que eu tava no segundo grau, ainda. deve ter mais de três anos. é o antigo número de telefone de uma garota, que ela anotou no flyer de um show. aquela mesma garota que eu namoraria, um ano depois. um flyer tosco, mal feito. quando eu fui embora ela me deu o papel meio dobrado, com um pouco de vergonha. o telefone da amiga gordinha dela tava lá, afinal era a amiga dela que se interessava por mim, não ela.

enfim, lembranças. pessoas precisam passar pelas nossas vidas, é fato. elas deixam algumas marcas, algumas palavras, alguns sentimentos, algumas fotos, alguns pedaços de grama recolhidos no jardim do aeroporto...

é, deixam. colei todos os flyers, set-lists, bilhetes, cartas e cartazes nas paredes do meu quarto. até no teto! meu quarto agora é uma grande caixa, totalmente forrada de recordações. mas, a mais nova, a mais olhada, a mais mostrada, a mais mais é uma foto que eu mandei imprimir lá no fujioka. tava na minha pasta, que eu levo pra universidade, mas eu colei na parede. infelizmente, agora ela faz parte da caixa, das lembranças e do passado. mas ela vai estar ali, como um ponto no meio de toda a pintura que se tornou meu quarto.