sexta-feira, 22 de maio de 2009

Discografia básica da vida de um acreano

Melodias recorrentes nos perseguem toda a vida, não tem jeito. É como se certas músicas marcassem época, fossem divisores de fases. Pessoalmente, é claro.
Associar try try try a olhos vermelhos e cabelo bagunçado. Ou Cilada aos domingos na casa da minha avó, comendo pastel caseiro e vendo Domingo Legal. Se você fez isso um dia, ou pensa em fazer, certamente se identificará.
Começando, não há como se esquecer do primeiro disco que eu ganhei. Tinha uns dez anos, e achava que gostar de músicas que não tocavam na rádio era mais legal. Ganhei uma coletânea dos Beatles, no sorteio de amigo oculto, de um sujeito de olhos puxados, que desenhava muito bem. Ele me perguntou qual era minha banda preferida, e mesmo nunca tendo ouvido, respondi sem pensar: Beatles, claro. Ouvi a coletânea várias vezes, inúmeras. Até que meu pai deu o ultimato: ou eu parava, ou ele quebrava o disco. Ele quebrou. E a música que eu mais ouvia era Twist and shout.
Depois desse trauma me mantive afastado de Liverpoll, passei a escutar muito Joe Cocker com meu pai. Muito mesmo. E quando ele bebia, sempre colocava as fitas K7 do Pinduca pra rodar. Pinduca, pra quem não conhece é o criador do carimbó. Menina do Tacacá, o Pinto e Tia Luzia são alguns dos clássicos que eu consigo lembrar de cabeça.
Daí então veio a fase descolada, de calça larga e fartura de espinhas. Ouvir Charlie Brown e Raimundos era sinônimo de rebeldia. Puteiro em João Pessoa era cantada aos berros, enquanto minha mãe ouvia João Gilberto.
As espinhas saíram, e eu cheguei ao segundo grau. Ouvia coisas boas, jogava basquete e era contra bebidas. Até que um dia, ouvindo Mv Bill, meu então amigo Daniel me apresentou uma lata de Heineken. Daniel seja louvado! Mv Bill nos momentos de PIMP até que é bom, mas só neles.
O basquete saiu de cena, entrou o hardcore sulista do Colligere e as manhãs chuvosas na frente da casa da Tetê, com o Júlio e a Laís. Vertigem era a preferida.
Depois vieram os lendários shows do DFC, e todas as músicas políticas que o Túlio sabe fazer.
A partir daí eu me isolei, passei a samba antigo e muita Bossa. Foi quando eu entrei pra Rádio Nacional, minha primeira banda de verdade. Tinha 17 anos e umas quatro mil músicas, em formato mp3. Viajei pra ver shows do Los Hermanos, e passei a usar uma barba rala e minguada. A idade não ajudava. Cara estranho seria uma boa trilha sonora pra essa fase.
Depois disso caí de cabeça no indie europeu. Strokes e seu estilo de vida eram a base de ação, e Modern Age retrata bem isso.
As drogas já se faziam presentes, mas foi com o John Coltrane que a coisa se consolidou. Era comum passar tardes e mais tardes ouvindo os discos clássicos dele, e me imaginando nos pubs de New Orleans. Aliado a isso descobri essa nova geração californiana, comandada pelo Devendra Banhart. Ouvia um pouco de Dylan, Fugazi, Liam Finn... Um registro em mp3 disso é I want talk about you, do Coltrane.
A suavidade sulista voltou com as noites ao som de Charme Chulo, uma cópia caipira de Smiths. Conhecia desde os tempos de Brasília, mas só passei a dar valor ano passado. Smiths e seus berros, com riffs bem normais.
Veio a fase do stonner, depois mais drogas. Depois mais bandas californianas.
Até que eu conheci o hurtmold, a melhor banda brasileira.
Hurtmold e todos os seus tentáculos. Instituto, Curumin, Takara, São Paulo Underground, Bodes e elefantes... Enfim, se vem da submarine é coisa boa!
Uma clássica, que faz lembrar da casa da Dona Emivaldina e de futebol com o buchudês é Sabo, do hurtmold.Hoje ainda ouço as bandas da submarine, e elas são minha principal fonte musical. Mas de vez em quando apareço com uns clássicos, como o de hoje. Vi o The big lebowski e me empolgo toda vez que ouço Hotel Califórnia, do Gipsy Kings.
Eu sei, é ruim. Mas o que seria da sua vida sem as farofagens?

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Nobody fucks with the jesus, bandeco!

Um dia, lendo o Henry Charrier, tive vontade de ser francês, de ser acusado de homicídio e de ser degredado para a Guiana Francesa, só pra escrever um livro verdadeiramente emocional e real. Mas, sinceramente, desisti.
O que ficou do Papillon foi o velho costume de todos os anos repetir o mesmo ato: analisar o ano que passou em um texto, em todos os aspectos. Se você que lê esse blog com freqüência espera algo sobre as inesperadas fodas sem camisinha, tire o seu queixo da janela. O que você vai ler é bem menos perigoso.
Desde que terminei meu primeiro e único namoro a vida ficou mais interessante, mais corrida. Passei a fumar mais, e passei também a cagar sempre no mesmo horário: depois do jantar. Sento no trono, pego o exemplar mais novo do Tex e acendo um cigarro. Fico ali por horas. Depois levanto, tomo banho e escovo os dentes. Meus dentes, por sinal, estão bastante brancos e certinhos, apesar de tanta fumaça. E todo o meu corpo está bem. Deixei de fazer a barba com tanta regularidade, e isso foi pensado. Com a barba eu geralmente sou mais centrado, e fiz isso por conta das provas de Penal. Penal é uma matéria complicada, ainda mais quando se tem uma professora que fica fazendo piadinhas sobre usurpação.
Ando também me dedicando ao meu projeto de pesquisa, que não deve sair esse semestre. Ando me dedicando tanto que o prazo foi excedido. Mas, o que se pode fazer, não é? Eu preciso das minhas horas de folga noturna para ler algo de qualidade e fumar meu cigarro. Um homem precisa ter, pelo menos, o direito de defecar em paz. E isso eu prezo!
Ok, voltemos ao corpo e suas configurações internas. Não é agradável falar sobre merda o tempo inteiro.
Ando bastante, evito pegar ônibus. E isso me faz encontrar muita gente pela rua, observar melhor as placas e lugares e ainda me mantém em forma. Maravilha!
De vez em quando acontece alguma coisa mais excitante, como hoje. Entrei na sala de Civil, depois de ter sido mandado até a DocCenter, e fui recebido com um sonoro “parabéns pra você/nessa data queriiiida!/muitas felicidades, muitos anos de viiiida!”
Todos cantando, inclusive o professor. O mesmo que rejeitou meu projeto de pesquisa inicial. Viado de merda!
Ao chegar em casa, dei uma conferida na caixa de correspondência e haviam duas cartas, uma era uma cobrança, e a outra a uma fatura da Unimed. Voltei até a portaria, puxei assunto com o porteiro, e assim ficamos por vinte minutos falando sobre a formação da defesa do Atlético Clube Goianiense. Depois de tudo isso ele diz: - Opa, tem uma carta aqui que não coube na caixa de correio. Olha só!
De longe eu li um “Sgorla”. Dei um soco contido no ar, trincando os dentes. Sensacional. Não disse nada a ele, só peguei a carta, sentei no chão e comecei a revirar as folhas. Só existe uma sensação melhor, o cigarro após a cagada regada à Tex.
É, amigos. É isso. Vinte anos sem morrer não é pra qualquer um, bandeco!
E se você mora em Goiânia, apareça sábado na pastelaria.
Beberei em nome dessa vida que te dá tapa na cara, te joga no vala e depois de sorri com um sorriso largo.
E o desejo continua, manhãs melhores!

p.s: falando em mulheres sensacionais, você conhece a mulher com o maior físico do mundo? hahaha. é portoriqueña, posso garantir.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Magrela fever - Curumin

Após um longo dia no serviço de call center, saí e finalmente pude acender o tão sonhado baseado do dia. O primeiro, evidente. O dia havia começado, e eu estava indo de encontro ao meu lar, que se fazia presente através de um colchão de casal, um rádio que tocava discos e durante os jogos do atlético sintonizava muito bem as rádios AM e umas cobertas que eram feitas de travesseiro – nos dias de frio era preciso escolher: dormir de travesseiro ou passar frio.
O caminho é deveras longo, tive que descer toda a Rua 3, depois dobrar na República do Líbano e chegar ao barracão de um cômodo com o pôster do Che Guevara feito de cortina. Enfim, cheguei. Acendi a trolha, liguei o rádio e abri uma cerveja que comprei na passagem pela Cervejato, local do qual eu posso comprar fiado, só pagando ao final dos meses. É, acho que eles devem somar uma taxa sobre o valor real.
Estava bem, relaxado e na metade do baseado. Repentinamente, não mais que repentinamente, fogos! FOGOS! E mais fogos! Maldita seja a igreja que se faz presente na minha esquina. Quando é dia de qualquer santo, tome foguetório no ouvido da moçada livre de drogas. Eles até organizam passeatas contra o crack, ajudam os mendigos, lançam livros de escritores viciados, ajudam crianças viciadas em cola e as empregam na sapataria da esquina.
Definitivamente, eles cumprem o seu papel.
No momento estou redigindo uma carta ao órgão responsável pela fiscalização ambiental, e espero que os fogos parem. Queimei minha camiseta, caí da cadeirinha que peguei emprestada com o vigilante de carros e ainda tive a minha única onda diária interrompida.
Histórias sem fodas ou sem cerveja não valem a pena, certo? É por isso que eu reacendi a idéia e abri a segunda cerveja. Todo santo tem seu dia.

domingo, 10 de maio de 2009

quarta-feira, 6 de maio de 2009

o porco alado


o problema são os sonhos recorrentes, o desmazelo constante, a rotina empenada, o jeito lerdo e sonolento que não consegue ser derrubado. o brilho não volta, a paz não existe há muito tempo. cansado é o estado mais comum, e todo mundo repara, reclama e aconselha. o que acaba por foder é o aconselhamento geral.
ser tão passivo demais gera um certo conforto nos que me cercam.
e como diz um dos que mais escutam, a vontade é de virar pombo, sair voando até o méxico, pegar crise suína e disseminar a problemática fronteira abaixo.
e mais desmazelo está por vir.
- manja o nacional kid?
- não.
- pô, ele voava por aí e tirava ondinha do super homem. ele voava com os braços abertos e tal. era versão japonesa.
- quê que tem?
- deve ser massa voar, né? que nem os pombos, ou o nacional kid.
- caralho, man! bebe mais, vai.

sexta-feira, 1 de maio de 2009