sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

eternidade e mais mil anos

só tenho a agradecer, viu? cerveja, sinuca, sol forte, pessoas com belos cérebros, clima de domingo, né?
aqueles olhares mais que fraternos. aquele jeito de saber o que o outro pensa, sente e vai falar. sabe como é? tudo melhora, tudo mesmo.

noites comemorativas, na escadinha do mercado, com pingorante de meio grapete, entende? amigos antigos, estudiosos, viajantes... amigos. os dreads, a calvice anunciada do programador frustrado, que virou cientista político, o pé torto do futuro ''adêvogado'', a saudade de uns, a alegria de outros.
no caminho de casa, a conversa em espanhol com o viajante. é pena, mas fazemos isso bem pouco.
seremos boas pessoas, com certeza.
um será professor, o outro também. e o outro, se sobroviver ao mundo caótico, também. seremos apreciadores de bons charutos, teremos belas esposas, filhos correndo no jardim e um belo carro, pra não ter que correr até o posto mais próximo e comprar passagens de ônibus.
se não fosse a saudade, eu diria que tudo está perfeito.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

eu também sei ser negativo


ao contrário do que sempre faço, prefiro ser negativo. pelo menos dessa vez, né?
é, é sobre aquilo mesmo que eu quero falar. pessoas mesquinhas, falsas e sem muito cérebro. sabe como é, né? você dá uma chance e uma breve conversa se torna motivo de piada, registros se espalham e você passa a ser um objeto redondo, vermelho e com um buraco no fundo. você passa a ser um acessório, que você mesmo vai usar. mas, claro, outras pessoas irão pegar você emprestado, colocarão você no nariz e dirão que estão engraçadas, por conta desse objeto, o alvo do riso. é, não basta agradar. não basta ser sincero, escutar lamúrias, ser paciente e dizer-se amigo. não, não basta. é preciso se deixar influenciar, né? é preciso pegar chuva, andar de madrugada pelas ruas, passar frio e fome. é preciso ser idiota.

eu posso falar abertamente, não posso? afinal, cérebro, lá pelas bandas da região dessas pessoas, é algo raro. e é isso, é justamente isso. eu lembro como se fosse ontem das palavras do barba ruiva, quando estávamos sob a mesma chuva fina, ''tudo que não mata acaba por fortalecer''.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

quereres!

é nesse curto espaço de tempo, nesse intervalo que existe entre a fala e o pensamento, que os seres se entendem. é no gesto, no morder de lábios, no jeito que o cabelo cai sobre a testa, sabe?
é algo simples, muito simples.
é a vontade de ficar junto, de ter um pouco de paz, de ser melhor. é o jeito de falar, o jeito calmo e sereno de falar. é a amizade, as brigas, o espaço que separa as casas, as ruas, a chuva. santa chuva!
o jeito que tudo se faz, o mistério envolvido nisso... genial, né? é o silêncio, o longo e consumidor espaço entre as falas, entre os olhares. é como se tudo indicasse um caminho, tudo mesmo. é como se a rodovia fosse de mão única, o único destino é aquele. tudo, todos, nós e outros.
levar assim é cansativo em demasia. o que resta é o que sempre sobrou, aquilo que a gente sempre teme. aquele sentimento de insegurança, de incerteza. é aquele frio na barriga, aquela mão gelada, aquele biquinho ao falar, aquela frase com sonoridade engraçada.
e é isso, né? eu gosto de ser assim, acho que gosto. é bom se perder, se achar, voltar a se perder... definir isso seria limitar algo que não tem nada de formal, nada normal, nada de filme americano.