quarta-feira, 22 de agosto de 2007

A gente vai passar

''- Veja você onde é que o barco foi desaguar
- a gente só queria o amor...
- Deus às vezes parece se esquecer
- ai, não fala isso, por favor
Esse é só o começo do fim da nossa vida
Deixa chegar o sonho, prepara uma avenida
que a gente vai passar

- Veja você, quando é que tudo foi desabar
A gente corre pra se esconder...
- E se amar, se amar até o fim
- sem saber que o fim já vai chegar
Deixa o moço bater que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos pra um amor de tantas rugas
não ter o seu lugar

Abre a janela agora, deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
que estamos sós no céu
Abre as cortinas pra mim
que eu não me escondo de ninguém
O amor já desvendou nosso lugar
e agora esta de bem''

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Drummond

Quando tudo era fácil, eu tratava de complicar. Complicava tudo, mesmo quando a situação só exigia um simples empurrão. Sentava ao lado da cadeira dela, ainda no primário, e ficava calado. Sempre fiz questão de ser atrasado, retardado, complicado.
Hoje, dez anos depois, a situação se repete. Eu teimo em complicar, não ver, seguir cegamente amarrado em meus próprios temores.
Enfim, sou um sujeito chato e massante. Sou cheio de manias inexplicáveis e, desde que comecei a frequentar a escola, faço tudo dar errado só para ter o prazer de achar soluções.
Já perdi coisas, pessoas e sentimentos por causa disso. Poderia ter dado certo, mas eu sempre estrago.
Dessa vez, eu até comecei bem. Não me envolvi, bancava o espertinho e não demonstrava sentimento. Isso mesmo.
Em um dado momento, um desses que a gente não se reconhece, eu comecei a fazer tudo desandar e não busquei melhoria alguma.
Mas, mesmo com todos esses atropelos e loucuras, eu aprendi que mais vale simplificar.
Assim mesmo, sem muito arrodeios, como diria Drummond: ''Amar se aprende amando!''

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Azulado

Ninguém sobrevive sem banho, comida e roupas limpas. Ao contrário do que havia dito, não quero parecer um zumbi e vou ser claro no que digo.
Bancar o sujinho, com cabelo cheio de parasitas e com roupas rasgadas não é pra mim. Prefiro estar meio sóbrio, com poucos cigarros no bolso, alimentado e lendo um bom livro.
Pra quê renegar a coloração vigente e me fazer de penoso? Bancar o rapaz londrino, às vezes, cansa.
''Trato feito?''; É, trato feito. Não fumo mais em casa, não vou mais sumir e ficar sem dar notícias, vou levar meu celular e não saio de casa sem comer.
Quanto ao líquido maldito, eu prometo diminuir.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

You only live once!


O jeito de sonolento, e bêbado, continua.

Pra variar, algumas doses de conhaque e muitos cigarros. A barba, que se prolifera pelo rosto, dá um ar de mendigo e os cabelos, que não passam perto de um pente há tempos, só divulgam que estou em uma fase decadente.

Não vou parar de beber, nem de fumar, nem de escrever quando estou assim. Afinal, eu só vou viver uma vez.

Consegui!


Fico pensando na tristeza que vai ser o meu funeral. Ainda bem que eu não vou estar presente! Imagino que, como é lei, aquelas pessoas que durante a minha vida inteira nunca me disseram uma única palavra de amor irão fazer discursos mostrando o quanto me amavam. (Ora, se me amavam, por que eu não fiquei sabendo disso, cáspita?!) Depois todo mundo vai continuar com suas vidas. Depois de ter a minha carne devidamente jantada pelos microorganismos decompositores, depois de alguns anos eu vou ser progressivamente esquecido pelos homens, meu aniversário não será mais comemorado, as visitas ao meu túmulo vão começar a rarear, as pessoas que me conheçeram também vão começar a morrer, e logo serei um nome qualquer escrito numa lápide num lugar lotado de lápides e nomes, e com o tempo, sim, até o nome na lápide se apagará, até os meus ossos virarão pó, até o planeta onde estão os meus ossos desaparecerá... Às vezes fico pensando se é verdade a frase mais triste que eu já li num livro: será mesmo que “o esquecimento é a última palavra do nosso destino comum?”


Daí entendo porque foi preciso inventar a mentira de um Deus e de um Paraíso e acreditar nessa ladainha toda... Sem essas ilusões, talvez seja verdade que a vida seja triste demais. Mas o que faz o infeliz incapaz de se deixar enganar?


E aí eu penso que talvez a vida humana não tenho mesmo nenhum sentido e nenhum valor para o Universo, que a raça humana seja um monte de animaiszinhos que logo não estarão mais aqui (se os dinossauros foram extintos, por que nós não seríamos?), que a Natureza é completamente indiferente à vida. Se alguma desgraça acontecesse, tipo um mega-cometa vindo se chocar contra o planeta Terra, acabando com toda a vida que existe, tenho a suspeita de que o Universo continuaria aí, existindo, com seus sóis e planetas e galáxias, sem derramar uma única lágrima pelo fim da vida. Iria continuar existindo, sem vida. Pra quê não sei.


E aí eu penso que a única coisa que temos é isso: uns aos outros. Que a única fonte de sentido e de valor é o amor. Que o máximo que podemos pretender é ter uma importância ultra-relativa: sermos especiais para aqueles que amamos, quem sabe sermos úteis para a humanidade como um todo, se der. Afinal de contas, para o Universo nós não somos nada, e tudo que vale a pena é o amor daqueles que nos viram passar por esse mundo. Sem isso, sem esse pouco, sem esse tudo, nada tem sentido.

E você?


"Pra que teorizar sobre estar só
se o inverso de ser feliz
é a certeza de saber que nem sempre
temos respostas que queremos ouvir?

Então me liga! – Ela disse.
Na verdade sequer lembra o meu nome.
Ligo sim... é claro. – Respondi.
Acabo sempre ligando.
'Sabe, hoje talvez passe aquele filme
que eu gosto tanto'...

É, eu podia ser gentil
e perguntar coisas fúteis,
mas o que eu queria mesmo
é ter um copo de água suja pra beber
e parar de fingir não saber
se o vazio é bem maior
agora que sabemos ter feito o melhor pra nós dois
e deixamos tudo mais pra depois.

Sabe, às vezes penso mesmo que dizer
'Deixa pra lá' cansa menos... e você?"

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Calcanhares descobertos

''Depois de ter você,
Pra quê querer saber que horas são?
Se é noite ou faz calor?
Se estamos no verão?
Se o sol virá ou não?
Ou pra quê é que serve uma canção como essa?

Depois de ter você,
Poetas para quê? Os deuses? As dúvidas?
Pra quê amendoeiras pelas ruas?
Para quê servem as ruas?
Depois de ter você...''

Ando te escutando demais, Adriana. Essa música não diz muita coisa, mas gruda feito goma de mascar.

Nicotina em demasia


Ansiedade, falta de argumentos, tragédias anunciadas, muitos cigarros. Onde isso vai parar?
O número de vezes que eu sento aqui, levanto e vou até a sala, volto e desligo o monitor, ouço a mesma música, ligo o monitor e vejo que não está e vou para a sala são incontáveis.
Falta algo, não sei bem do que se trata. Por favor, responda logo e siga seu caminho!

Sais e Minerais

Férias, festas, porres e tudo que me fez ficar meio sonolento e lesado por, mais ou menos, um mês. Isso tudo, nesse curto tempo, foi muito bom.
E, nesse espaço de tempo, muitos conceitos mudaram na minha cabeça. Ser mais racional, né? Pois é, na maioria das vezes eu consegui.
O meu maior defeito, segundo ela, é o excesso de palavras.
Indipendente do que acontecerá de hoje em diante, estou sossegado. Não espero pouco, nem muito, nem nada. Eu só quero que tudo siga, da melhor forma possível.
Mas, pensando um pouco em mim, eu gostei bastante. Foi bom, até melhor do que eu esperava. O melhor de tudo isso é a lição que ficou, o ensinamento. Farei mais, pensarei menos.
E quanto a nós, continuamos brincando, que é a coisa mais séria que existe.
A parte estranha, disso tudo, é o momento. Parece que anda tudo meio embolado, meio nublado. Mas, se eu for culpar o destino, não estaria nem escrevendo isso.
Deixe isso se desenrolar, mas não deixe o verão passar. Não façamos disso mais um nó em nossas vidas, que já é tão cheia deles.
''Ando, ainda, atrás desse tempo ter. Pude não correr pra ele me encontrar. Não se mexer, beija-flor no ar.''

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

''rápido como as árvores se tornam manchas, a ação mistura o real e o inventado
ja falei sobre isso antes; sobre pés e rodas marcando caminhos e o sabor da morte em meus sentidos
devo ir, sugando cada instante
e o que nós vamos guardar desses dias?
os flyers e as fotos, as cartas e os mortos, não deixamos enterrar
os velhos lugares têm novas pessoas
quanto tempo vão durar?
mudar o mundo será apenas mudar o mundo de lugar
se o conteúdo se refaz não preciso quebrar ou mudar a embalagem''

Coligere.

O Barba Ruiva, o de Goiânia.

Eu tenho vários amigos, vários mesmo. Mas, há uns que são mais amigos, mais colegas, mais confiantes e mais confiáveis. Tem um deles, só pra ilustrar, que é meio estranhão. Ele sempre dorme aqui em casa e vive pedindo meus ''shorts'' emprestado, usa escova de dente nova e ainda leva pra casa.
Esse amigo tem o péssimo hábito de comer muito. Ele come meus miojos de brócolis, as bolachas do meu pai e fica me pedindo, a noite inteira, pra eu fazer suco de cupuaçu. Ele é tipo que acorda na hora do almoço, come minha soja, liga pro pai dele e vai embora. Ê amizade, viu?
Mas não é feito só de defeitos, não, não. Ele tem uns pêlos ruivos no meio da barba negra. Se eu tivesse a barba ruiva, diria que sou parecido com o Amarante. Mas ele, como bom hardecoriano que é, diz que não se importa com a barba e que ela é só um acaso natural.
Além de comer todos os meus miojos, ele ainda me atormenta bastante! Fica dizendo que eu vou morrer por causa do cigarro, diz que minha barba é falhada, implica com as marcas de espinha na minhas costas e ainda me chama de ''acreano viado''. Ê amizade, viu?
Mas, mesmo com tudo isso, eu gosto dele. Ele é assim, meio esquisitão, mas de vez em quando chega aqui em casa contando histórias de ''roqueiras que querem emagrecer''. É um menino cobiçado, percebe?
É, ele é meu amigo. Só resta saber se, quando ele já for careca, nós ainda comeremos miojo e ouviremos ska cubano.