quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Consegui!


Fico pensando na tristeza que vai ser o meu funeral. Ainda bem que eu não vou estar presente! Imagino que, como é lei, aquelas pessoas que durante a minha vida inteira nunca me disseram uma única palavra de amor irão fazer discursos mostrando o quanto me amavam. (Ora, se me amavam, por que eu não fiquei sabendo disso, cáspita?!) Depois todo mundo vai continuar com suas vidas. Depois de ter a minha carne devidamente jantada pelos microorganismos decompositores, depois de alguns anos eu vou ser progressivamente esquecido pelos homens, meu aniversário não será mais comemorado, as visitas ao meu túmulo vão começar a rarear, as pessoas que me conheçeram também vão começar a morrer, e logo serei um nome qualquer escrito numa lápide num lugar lotado de lápides e nomes, e com o tempo, sim, até o nome na lápide se apagará, até os meus ossos virarão pó, até o planeta onde estão os meus ossos desaparecerá... Às vezes fico pensando se é verdade a frase mais triste que eu já li num livro: será mesmo que “o esquecimento é a última palavra do nosso destino comum?”


Daí entendo porque foi preciso inventar a mentira de um Deus e de um Paraíso e acreditar nessa ladainha toda... Sem essas ilusões, talvez seja verdade que a vida seja triste demais. Mas o que faz o infeliz incapaz de se deixar enganar?


E aí eu penso que talvez a vida humana não tenho mesmo nenhum sentido e nenhum valor para o Universo, que a raça humana seja um monte de animaiszinhos que logo não estarão mais aqui (se os dinossauros foram extintos, por que nós não seríamos?), que a Natureza é completamente indiferente à vida. Se alguma desgraça acontecesse, tipo um mega-cometa vindo se chocar contra o planeta Terra, acabando com toda a vida que existe, tenho a suspeita de que o Universo continuaria aí, existindo, com seus sóis e planetas e galáxias, sem derramar uma única lágrima pelo fim da vida. Iria continuar existindo, sem vida. Pra quê não sei.


E aí eu penso que a única coisa que temos é isso: uns aos outros. Que a única fonte de sentido e de valor é o amor. Que o máximo que podemos pretender é ter uma importância ultra-relativa: sermos especiais para aqueles que amamos, quem sabe sermos úteis para a humanidade como um todo, se der. Afinal de contas, para o Universo nós não somos nada, e tudo que vale a pena é o amor daqueles que nos viram passar por esse mundo. Sem isso, sem esse pouco, sem esse tudo, nada tem sentido.

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