sábado, 1 de agosto de 2009

ser assim

prometi e não pude fazer o inverso.
mesmo lugar de outras noites, com um tempo reduzido aos 20 minutos de sempre.
*
meio alto, é claro. mas a cidade inteira está bêbada. e sem mãos que tremem, como as minhas. maldito seja o frio nas mãos.
agora sim, com música. fred frith, uma garrafa de café. step across the border.
e a vida segue, sem pressa ou coisa parecida. precisa.
e eu ando assim, no tempo que bem me entender.
de mim.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

último texto deste espaço

passarei a me preocupar com as coisas concretas, com tudo que irão saber e dizer. ou dizer sem saber.
terei algo para o qual eu possa olhar, pensar e dizer: é isso.
algo como as fórmulas mágicas do hank para se apostar em hipódromos, ou a escola da ponte do professor pacheco, ou a orquestra youtube do camelo. terei algo assim.
quem sabe um livro, um disco... quem sabe um bilhete de passagem. ou um setlist. um grande feito, ou objeto. algo do qual eu possa pensar, ou simplesmente sentar diante e dizer: fiz algo.

a busca de sentido passou a me consumir, mesmo nas tarefas mais idiotas. ler os artigos do venosa, resenhar livros do pamplona ou simplesmente fumar um cigarro na janela passaram a ser algo atormentador.
não vejo mais sentido em publicar coisas neste espaço, nem em expor minha rotina de modo tão deliberado. se você visitar os arquivos, conseguir ler as coisas de meses atrás e ver sentido, ou não, saberá do que estou falando.

a mensagem básico é: não escreverei mais aqui. pelo menos por enquanto. quem se importa: eu. quem é exigente com o conteúdo: ninguém exceto, às vezes, eu.
agradecer pela atenção seria tão idiota quanto não fazê-lo. e é por isso que eu deixo claro.
um dia você voltará a ler algo escrito por mim. e eu espero não ouvir que o texto é sincero ou honesto.

e eu gostaria, sinceramente, de ter escrito algo melhor. e se há que não mudou durante todo esse tempo foi o tal desejo: manhãs melhores.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Discografia básica da vida de um acreano

Melodias recorrentes nos perseguem toda a vida, não tem jeito. É como se certas músicas marcassem época, fossem divisores de fases. Pessoalmente, é claro.
Associar try try try a olhos vermelhos e cabelo bagunçado. Ou Cilada aos domingos na casa da minha avó, comendo pastel caseiro e vendo Domingo Legal. Se você fez isso um dia, ou pensa em fazer, certamente se identificará.
Começando, não há como se esquecer do primeiro disco que eu ganhei. Tinha uns dez anos, e achava que gostar de músicas que não tocavam na rádio era mais legal. Ganhei uma coletânea dos Beatles, no sorteio de amigo oculto, de um sujeito de olhos puxados, que desenhava muito bem. Ele me perguntou qual era minha banda preferida, e mesmo nunca tendo ouvido, respondi sem pensar: Beatles, claro. Ouvi a coletânea várias vezes, inúmeras. Até que meu pai deu o ultimato: ou eu parava, ou ele quebrava o disco. Ele quebrou. E a música que eu mais ouvia era Twist and shout.
Depois desse trauma me mantive afastado de Liverpoll, passei a escutar muito Joe Cocker com meu pai. Muito mesmo. E quando ele bebia, sempre colocava as fitas K7 do Pinduca pra rodar. Pinduca, pra quem não conhece é o criador do carimbó. Menina do Tacacá, o Pinto e Tia Luzia são alguns dos clássicos que eu consigo lembrar de cabeça.
Daí então veio a fase descolada, de calça larga e fartura de espinhas. Ouvir Charlie Brown e Raimundos era sinônimo de rebeldia. Puteiro em João Pessoa era cantada aos berros, enquanto minha mãe ouvia João Gilberto.
As espinhas saíram, e eu cheguei ao segundo grau. Ouvia coisas boas, jogava basquete e era contra bebidas. Até que um dia, ouvindo Mv Bill, meu então amigo Daniel me apresentou uma lata de Heineken. Daniel seja louvado! Mv Bill nos momentos de PIMP até que é bom, mas só neles.
O basquete saiu de cena, entrou o hardcore sulista do Colligere e as manhãs chuvosas na frente da casa da Tetê, com o Júlio e a Laís. Vertigem era a preferida.
Depois vieram os lendários shows do DFC, e todas as músicas políticas que o Túlio sabe fazer.
A partir daí eu me isolei, passei a samba antigo e muita Bossa. Foi quando eu entrei pra Rádio Nacional, minha primeira banda de verdade. Tinha 17 anos e umas quatro mil músicas, em formato mp3. Viajei pra ver shows do Los Hermanos, e passei a usar uma barba rala e minguada. A idade não ajudava. Cara estranho seria uma boa trilha sonora pra essa fase.
Depois disso caí de cabeça no indie europeu. Strokes e seu estilo de vida eram a base de ação, e Modern Age retrata bem isso.
As drogas já se faziam presentes, mas foi com o John Coltrane que a coisa se consolidou. Era comum passar tardes e mais tardes ouvindo os discos clássicos dele, e me imaginando nos pubs de New Orleans. Aliado a isso descobri essa nova geração californiana, comandada pelo Devendra Banhart. Ouvia um pouco de Dylan, Fugazi, Liam Finn... Um registro em mp3 disso é I want talk about you, do Coltrane.
A suavidade sulista voltou com as noites ao som de Charme Chulo, uma cópia caipira de Smiths. Conhecia desde os tempos de Brasília, mas só passei a dar valor ano passado. Smiths e seus berros, com riffs bem normais.
Veio a fase do stonner, depois mais drogas. Depois mais bandas californianas.
Até que eu conheci o hurtmold, a melhor banda brasileira.
Hurtmold e todos os seus tentáculos. Instituto, Curumin, Takara, São Paulo Underground, Bodes e elefantes... Enfim, se vem da submarine é coisa boa!
Uma clássica, que faz lembrar da casa da Dona Emivaldina e de futebol com o buchudês é Sabo, do hurtmold.Hoje ainda ouço as bandas da submarine, e elas são minha principal fonte musical. Mas de vez em quando apareço com uns clássicos, como o de hoje. Vi o The big lebowski e me empolgo toda vez que ouço Hotel Califórnia, do Gipsy Kings.
Eu sei, é ruim. Mas o que seria da sua vida sem as farofagens?

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Nobody fucks with the jesus, bandeco!

Um dia, lendo o Henry Charrier, tive vontade de ser francês, de ser acusado de homicídio e de ser degredado para a Guiana Francesa, só pra escrever um livro verdadeiramente emocional e real. Mas, sinceramente, desisti.
O que ficou do Papillon foi o velho costume de todos os anos repetir o mesmo ato: analisar o ano que passou em um texto, em todos os aspectos. Se você que lê esse blog com freqüência espera algo sobre as inesperadas fodas sem camisinha, tire o seu queixo da janela. O que você vai ler é bem menos perigoso.
Desde que terminei meu primeiro e único namoro a vida ficou mais interessante, mais corrida. Passei a fumar mais, e passei também a cagar sempre no mesmo horário: depois do jantar. Sento no trono, pego o exemplar mais novo do Tex e acendo um cigarro. Fico ali por horas. Depois levanto, tomo banho e escovo os dentes. Meus dentes, por sinal, estão bastante brancos e certinhos, apesar de tanta fumaça. E todo o meu corpo está bem. Deixei de fazer a barba com tanta regularidade, e isso foi pensado. Com a barba eu geralmente sou mais centrado, e fiz isso por conta das provas de Penal. Penal é uma matéria complicada, ainda mais quando se tem uma professora que fica fazendo piadinhas sobre usurpação.
Ando também me dedicando ao meu projeto de pesquisa, que não deve sair esse semestre. Ando me dedicando tanto que o prazo foi excedido. Mas, o que se pode fazer, não é? Eu preciso das minhas horas de folga noturna para ler algo de qualidade e fumar meu cigarro. Um homem precisa ter, pelo menos, o direito de defecar em paz. E isso eu prezo!
Ok, voltemos ao corpo e suas configurações internas. Não é agradável falar sobre merda o tempo inteiro.
Ando bastante, evito pegar ônibus. E isso me faz encontrar muita gente pela rua, observar melhor as placas e lugares e ainda me mantém em forma. Maravilha!
De vez em quando acontece alguma coisa mais excitante, como hoje. Entrei na sala de Civil, depois de ter sido mandado até a DocCenter, e fui recebido com um sonoro “parabéns pra você/nessa data queriiiida!/muitas felicidades, muitos anos de viiiida!”
Todos cantando, inclusive o professor. O mesmo que rejeitou meu projeto de pesquisa inicial. Viado de merda!
Ao chegar em casa, dei uma conferida na caixa de correspondência e haviam duas cartas, uma era uma cobrança, e a outra a uma fatura da Unimed. Voltei até a portaria, puxei assunto com o porteiro, e assim ficamos por vinte minutos falando sobre a formação da defesa do Atlético Clube Goianiense. Depois de tudo isso ele diz: - Opa, tem uma carta aqui que não coube na caixa de correio. Olha só!
De longe eu li um “Sgorla”. Dei um soco contido no ar, trincando os dentes. Sensacional. Não disse nada a ele, só peguei a carta, sentei no chão e comecei a revirar as folhas. Só existe uma sensação melhor, o cigarro após a cagada regada à Tex.
É, amigos. É isso. Vinte anos sem morrer não é pra qualquer um, bandeco!
E se você mora em Goiânia, apareça sábado na pastelaria.
Beberei em nome dessa vida que te dá tapa na cara, te joga no vala e depois de sorri com um sorriso largo.
E o desejo continua, manhãs melhores!

p.s: falando em mulheres sensacionais, você conhece a mulher com o maior físico do mundo? hahaha. é portoriqueña, posso garantir.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Magrela fever - Curumin

Após um longo dia no serviço de call center, saí e finalmente pude acender o tão sonhado baseado do dia. O primeiro, evidente. O dia havia começado, e eu estava indo de encontro ao meu lar, que se fazia presente através de um colchão de casal, um rádio que tocava discos e durante os jogos do atlético sintonizava muito bem as rádios AM e umas cobertas que eram feitas de travesseiro – nos dias de frio era preciso escolher: dormir de travesseiro ou passar frio.
O caminho é deveras longo, tive que descer toda a Rua 3, depois dobrar na República do Líbano e chegar ao barracão de um cômodo com o pôster do Che Guevara feito de cortina. Enfim, cheguei. Acendi a trolha, liguei o rádio e abri uma cerveja que comprei na passagem pela Cervejato, local do qual eu posso comprar fiado, só pagando ao final dos meses. É, acho que eles devem somar uma taxa sobre o valor real.
Estava bem, relaxado e na metade do baseado. Repentinamente, não mais que repentinamente, fogos! FOGOS! E mais fogos! Maldita seja a igreja que se faz presente na minha esquina. Quando é dia de qualquer santo, tome foguetório no ouvido da moçada livre de drogas. Eles até organizam passeatas contra o crack, ajudam os mendigos, lançam livros de escritores viciados, ajudam crianças viciadas em cola e as empregam na sapataria da esquina.
Definitivamente, eles cumprem o seu papel.
No momento estou redigindo uma carta ao órgão responsável pela fiscalização ambiental, e espero que os fogos parem. Queimei minha camiseta, caí da cadeirinha que peguei emprestada com o vigilante de carros e ainda tive a minha única onda diária interrompida.
Histórias sem fodas ou sem cerveja não valem a pena, certo? É por isso que eu reacendi a idéia e abri a segunda cerveja. Todo santo tem seu dia.

domingo, 10 de maio de 2009

quarta-feira, 6 de maio de 2009

o porco alado


o problema são os sonhos recorrentes, o desmazelo constante, a rotina empenada, o jeito lerdo e sonolento que não consegue ser derrubado. o brilho não volta, a paz não existe há muito tempo. cansado é o estado mais comum, e todo mundo repara, reclama e aconselha. o que acaba por foder é o aconselhamento geral.
ser tão passivo demais gera um certo conforto nos que me cercam.
e como diz um dos que mais escutam, a vontade é de virar pombo, sair voando até o méxico, pegar crise suína e disseminar a problemática fronteira abaixo.
e mais desmazelo está por vir.
- manja o nacional kid?
- não.
- pô, ele voava por aí e tirava ondinha do super homem. ele voava com os braços abertos e tal. era versão japonesa.
- quê que tem?
- deve ser massa voar, né? que nem os pombos, ou o nacional kid.
- caralho, man! bebe mais, vai.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Texto pensado com charuto do lado

Maiúsculas, minúsculas... esse negócio de escrever é mesmo interessante. Ainda ontem vi a entrevista do Veríssimo sobre a sua paixão pelo futebol, sobre a sua história com o Internacional de Porto Alegre. Me senti bastante identificado com aquilo. Depois mudei de canal, fui ver o Jô e ele entrevistava aquele médico escritor, o Drauzio Varella. E ele dizia que não se deve beber enquanto se escreve, que as linhas se confundem, que no dia posterior as coisas passam a não ter tanto sentido. Foda-se!
Gosto dos livros do doutor, mas em se tratando de doutores, prefiro o Sócrates. Não o da Grécia, mas o meiuca que aplicava calcanhares mágicos e que sempre estava reclamando da ressaca ou da falta de cigarros. Ao final da entrevista, o Varella ainda disse: -Um charuto, tudo bem... Mas um copo de conhaque, nem pensar!
Cantei baixinho:
-Doutor, eu não me engano, meu fígado é atleticano!
Gostaria muito de ter me tornado jogador, e acho que me daria bem. Saberia colocar as palavras nas entrevistas e não seria polêmico. Saberia bater em gol com classe, e jogaria com um número às costas pouco carregado por grandes jogadores. Talvez a 12, que só me lembra goleiros e o francês que só joga quando quer, um tal de Henry. Talvez o 5, mas o Falcão não iria se sentir muito bem lembrado... Não gostaria de ser o 10, pra não me compararem ao Zico. E aplicaria toques de calcanhar, pra dizerem que um novo doutor estava surgindo. Mello, o doutor da gávea. Talvez.
Nas peladas aqui do prédio eu sempre sou escolhido, e sempre gero confusão. Gosto de humilhar os que não sabem jogar, e chuto forte quando fico na frente do último homem.
Escrever, pedalar por aí ouvindo Fugazi, achar emprego na única vez que procurei durante a semana, dormir até uma hora da tarde... Isso é vida.
Trabalhar vendo os aviõeszinhos decolarem, voltar de bicicleta...
Sem fodas, sem tantas bebedeiras, mais comprometido comigo mesmo e fazendo a barba regularmente. É... Quatro ou cinco dias resolvem a sua vida.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

m.takara - parado no farol

pensar sobre como seria isso tudo sem mim é minha principal ocupação. ficar esticado na cama, com as mãos cruzadas no peito e contemplar o teto branco. ficar notando as suas imperfeições, as suas divisas, quase não notadas por conta da tinta que cobre o gesso.
a febre gerada pela infecção na garganta me faz tremer. a falta de dinheiro faz com que minha bebida suma. e, apesar dos telefonemas recebidos e das mensagens por internet, sinto que o sentido disso tudo já acabou há muito tempo.
não saber o que procuro, nem o que realmente faço é o principal ponto de partida.
não procuro misericórdia, procuro entendimento. procuro fazer da experimentação diária algo além da rotina. ou fazer da rotina inconstante algo prazeroso e que gere renda.
se ao menos eu fizesse um certo esforço... mas o esforço é além da força. e toda a demanda de falta de coragem vai além do que se já foi medido.
é verdade aplicada, estou enlouquecendo. e enlouquecer não é sair correndo pelado na rua, nem arrancar seus próprios cabelos. é ficar dez horas dormindo, levantar e comer algo. depois deitar e passar mais dez horas olhando pro teto branco. é fazer a barba por não ter o que fazer, e depois me lamentar por voltar a parecer ter a idade que realmente tenho. é ficar olhando pro teto e ver nele o mar, o céu e as gaivotas. é ficar me imaginando do outro lado do país, sentado na beira de um rio. é cansar de imaginar, reclamar imaginando e voltar a dormir.
ouvir meu pai relatar por telefone que eu ando estranho além do normal me dá um certo medo. realmente ando fazendo tudo que não se pode fazer, não fazer nada.
sou um exemplo torto pro meu irmão, que já me disse que quer ser igualzinho a mim quando crescer. e isso me fez chorar por horas, com a coberta no rosto.
só gostaria que tudo isso tivesse fim, e que meu corpo não fosse lançado da janela.
tenho um carinho especial por mim. gosto do meu corpo, do meu cabelo, dos meus olhos. gosto da minha voz. seria idiota demais fazer tudo isso se tornar uma massa disforme na calçada de entrada do prédio. não, desisto.
preciso de um remédio, não da pena alheia. preciso.
não busco chamar a atenção dos outros, nem comentários que me condenem. só busco explorar essa idéia e fazer com que minha cabeça veja que meu corpo pode ir além. ou além disso.
sonho com uma chuva, há horas. quando chover, prometo que vou sair na rua e correr um pouco. fazer o suor brotar e retomar a sensação de estar vivo.
e quanto ao que todos irão achar em relação ao relatado, digo que vai além.
é preciso passar por esse inferno sem paredes pra saber o quão frio é aqui.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

bonanza e as saias do direito civil

depois de um mês, ouvindo hurtmold e com uma vontade forte de vomitar. como se vomitar fizesse algo mudar, ou retirasse algo de mim. como se vomitar fizesse as decepções sumirem. como se me curvar diante do vaso sanitário me tornasse algo mais valioso. como se eu conseguisse sair disso.
a única solução me que parece mais certa é ir até a distribuidora de bebidas, comprar um vinho e ficar na sacada ouvindo música instrumental até o dia seguinte começar.
é fácil, rápido e garantido. depois do segundo grande gole, tudo me parece mais certo. e eu já não aguento mais ter que levar essa coisa mentirosa que é a minha rotina.
o que tem muito me alegrado é o dispositivo que coloquei no blog. mesmo sem escrever há visitas, todos os dias. pessoas de todas as partes, até da europa. duas, inclusive. uma da holanda, outra da itália. tem também visitas de curitiba, recife, rio branco, porto velho, são paulo, brasília, goiânia, juiz de fora, belo horizonte, campinas, belém, rio de janeiro... isso muito me orgulha.
devo dizer que tenho me dedicado muito ao zine, fazendo grandes progressos e escrito coisas muito boas. o zine, que é quase um livro, vai ser lançado em um envelope, e cada envelope terá uma gravura estampada (que caracterizará a edição).
a principio o zine se chamaria open pussy, em homenagem ao chinaski. mas achei que era direto demais, e isso não combina comigo. enfim, o nome será bonanza. bonanza é sorte, boa sorte. e é o nome de um barco, que atracava na frente da pousada em que me hospedei quando fui ao maranhão com minha família.
espero que dê tudo certo, e que as pessoas entreguem logo os textos pedidos. michelle e a sua enrolação está me tirando o sono. e carolina também. se bem que hoje é aniversário dela, e isso é totalmente perdoado em vista disso.
é, isso parece mais um relato de agenda... precisa de um sentido, pra ficar tão bom quanto o começo. uma foda, ou um grande porre no café central. ou uma vizinha recém conhecida que me deixa meio curvado toda vez que passa, talvez.
tenho medo de me tornar um sujeito tarado, sujo e que só pensa em foder. fico imaginando a divisão dos grandes lábios e tudo mais. mas, afinal, quem não pensa nisso?
até a menina crente da minha sala de direito civil deve pensar nisso. e olhe que ela tem umas pernas fantásticas, mas aquelas saias estragam tudo. ou quase tudo.
é, preciso de um isopor. vinho não, hoje vou de cerveja. e preciso de um isopor.
um isopor, uma crente e um belo par de pernas. sem as saias.

quarta-feira, 4 de março de 2009

texto impensado sobre cerveja, cadeados e ypiocas

partindo de um ponto comum, devo dizer que isso anda bem estranho.
essa coisa toda de gostar, de expressar o tal gostar e de gaguejar na hora do confronto sempre fez parte da minha rotina. acho que eu montei tão bem as falas que elas acabam sendo perfeitas demais, entende?
gostaria que soasse naturalmente verdadeiro, mas vejo que não passa de plano. plano falho, ato falho, gago de merda!
ser durão nunca se fez tão necessário. ser irracional mesmo. partir pro ato sem medir muito, pensar no ato em si. fazer e deixar com que tudo simplesmente se dê.
não ler o texto duas, três vezes antes de publicar. não ficar com toda essa frescurinha de maíusculas depois do ponto final. isso me irrita, mas sempre faço questão de fazê-lo.
o problema é que a irritação apareceu, e a impaciência também. ter vontade de socar algo se tornou totalmente normal, e eu não ando mais me importando com o tamanho da minha barba. deveria colocar um 'maldita' antes de 'barba' só pra parecer durão? não, caras durões não usam palavrões sempre. palavrões ficam para caras que querem ser durões, e não para os durões de fato.
a vontade de beber, ligar e despejar tudo pelo telefone mesmo muito me agrada. mas a idéia de que isso pode me custar caro, financeiramente mesmo, já não é lá muito boa...
quero ser durão, mas fico cantarolando musiquinhas que falam sobre gaivotas. quero beber, mas meu dinheiro dá pra duas doses de ypioca. quero uma garota.
aliás, só quero uma. e há tempos que eu não penso em muita coisa além disso.
tomei 6 cervejinhas, e o mundo parece ainda mais morto. parece que isso só me ajuda a viver, ou a morrer.
e escrever com nexo quando se está bêbado já não é tãããão importante.

cruzando torto a esquina
cheirando a charme e azeite
a sua cerveja acabou
mas isso só
é detalhe influente
é um bebum descontente

ele não tem cabelo grande
nem cadeado no pescoço
ele é só mais um que você viu
perdido e torto
sem olhar de fuzil

não solta da minha mão!

Ao fim de um longo corredor há uma janela, pela qual a claridade entra. O telhado, que provavelmente cobre a garagem, é de folhas de zinco e reflete a luz de um modo irritante.
A psicóloga do hospital, muito bonita por sinal, ajudou a me acalmar e foi ela quem me deu as primeiras notícias.
Quando a coisa em si aconteceu, encostei a cabeça na junção das paredes e deixei as lágrimas correrem. Fiquei ali, enquanto um jovem médico se desesperava e dizia:
- Rápido! Rápido!
Depois de uns anos, rezei. Disse duas frases rápidas, ao lado da saída da UTI, e me senti ainda mais fraco.
- Se você realmente existe, tira meu velho dessa!
- E que seja feita a sua vontade, amém.
Só conseguia fumar e olhar pro relógio, e a certeza de que ele ficaria bem se concretizou.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

sem nariz, pulmão ou barrulho de mar

a sequência garfo/nuda fez a noite de ontem muito mais feliz. um ano de espera, desde o último show dos pernambucanos.
é. não vou falar sobre as drogas, nem sobre as possibilidades que não se concretizaram. sou simples, me contento com pouco. apesar de tudo, comi bem e ouvi música boa.
as guitarras continuam marcantes e os barulhos vindos do amarrado de conchas/metais fez com que o mar surgisse logo ao lado.
só tenho a agradecer pelo set list e pela atenção. scalia com seu jeitão meio lento, e seu bigode. e o desejo é o de sempre, voltem!

e se eu fui muito breve, ou repetitivo, perdão. não consigo escrever mais, por conta da dificuldade de respirar. vou passar a usar o nariz somento para isso, prometo.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

duns

qualquer
muda que
bem me mude e além

seja a anti-flor

menos cor
mais quem

sábado, 7 de fevereiro de 2009

oposição ao verbo ser

A maioria das perguntas que eu poderia fazer já é respondida no próprio ato de perguntar. São fatos e pensamentos que se encaixam muito bem, a partir de um silêncio matador.

Escrever assim, com a visão meio turva e ouvindo coisas agradáveis. Fica fácil.



domingo, 1 de fevereiro de 2009

Texto pessoal para Pelé interpretar

Nada que seja especialmente feito pra você. É a parte que complementa o recado, aquele que não foi entendido.
A instrumentalidade aplicada nos atuais dias fez com o que o silêncio prevalecesse. Ser mais brando, ameno e quase que plenamente sóbrio. A lucidez fica em segundo plano, ao me levantar por conta do tédio. Volta ao plano inicial quando eu retorno com cara de sono e andar meio atrapalhado.
Falar pouco, naturalmente e sempre sem explicar a coisa por completo. É isso mesmo.
Denotar certa animação estando sóbrio nunca foi meu forte.
A coisa se encaminha para um lado meio diferente do esperado. Falo por mim, é claro.
É uma escuridão meio iluminada, sabe como é?
Sem saber por onde seguir, eu tento ir tateando. Olhos arregalados e a azia se fazendo presente. Mas, você sabe, nessas horas é melhor o silêncio. Apuram-se os ouvidos, a atenção e é preciso fazer o que não se quer fazer, por amizade.
Apesar de começar meio torto, chegar tarde nunca foi um dos meus piores defeitos.
Caminhar no tempo que bem entender.
Devagar, constante e sabendo lidar com os ventos contrários. Obrigado, gaivota!

sábado, 24 de janeiro de 2009

maranhão e seus dois lados

Algo com sotaque nordestino, português certinho e jeito despreocupado. Com sotaque, pra não ser, ou soar, imparcial. Coisas parciais são mais interessantes, pessoas parciais são bem mais interessantes. Jornalistas precisam ser imparciais, você não. Soar bonito, só isso que é preciso. Alguma coisa boa de fundo, com sotaque. Isso.
Comecei falando de sotaques por lembrar das férias. Da mistura de sotaques, das pessoas que conheci no nordeste, dos gostos e cheiros. A sensação de liberdade, andar pela praia antes do sol se deitar. Todas as conchas, os mariscos e o futebol acontecendo ali. O melhor momento do dia era depois do futebol, sempre havia um cigarro me esperando, e a água do mar era sempre boa.
A vontade de voltar era pouca, e as pessoas daqui me faziam falta. Você pode estar no melhor lugar do mundo, mas se tiver longe de quem gosta, as coisas perdem um pouco do brilho. As bebedeiras, o jazz, os amigos, as pessoas por conhecer, a faculdade... Pelo menos há do que sentir saudade. Passei a valorizar o normal e a entender o alheio.
E além de tudo, aprendi a parar. A parar, ver e entender. Quebrar a tal visão de senso comum, fazer com que as coisas passem a ter um sentido aplicado, mas sem uma lógica determinada. Tomar atitudes se preciso. Admitir o erro, a arrogância e deixar o ego de lado. Pelo menos em tese.
Sei que isso mais parece um daqueles textos do Paulo Coelho, em que ele fica falando em ser alguém melhor e em fazer isso ou aquilo, pro bem dos que o cercam. Mas, sinceramente, é mais que isso.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

cerveja e ejaculações

sem perder a tal ternura, ou o brilho nos olhos, eu sigo cada vez mais idiota e sem fígado. por não ter nada a fazer, eu bebo. ao beber, as lembranças boas e ruins começam a aflorar. a esperança, o apego idiota ao que existe na imaginação... o meu grande amigo que não bebia, mas começou a beber. imagino a cena se concretizando, nós nos empaturrando de cerveja e uma grossa camada de fumaça cobrindo a sacadinha do meu apartamento. as mulheres, a volta para a cidade natal, as viagens...
aqui as coisas demoram a acontecer, ninguém tem muita pressa. a cerveja é gelada e o sol é muito forte, muito mesmo.
a marginalidade, na sua parte mais escrota.
a vida se resume a ler, beber e sonhar com um emprego que renda algo melhor. terminar a faculdade, fazer uns cursos a mais, dar aulas. escrever, beber mais e ir levando. morrer com cabelos e sem fígado. é, sem qualidade de vida ou barriga definida.
sobre a tal qualidade de vida, pode ser que mude daqui a pouco de idéia. e sobre as mudanças na gramática, ainda não as adotei. sou antigo.
e é mesmo um circo esse negócio de viver.