quarta-feira, 15 de abril de 2009

Texto pensado com charuto do lado

Maiúsculas, minúsculas... esse negócio de escrever é mesmo interessante. Ainda ontem vi a entrevista do Veríssimo sobre a sua paixão pelo futebol, sobre a sua história com o Internacional de Porto Alegre. Me senti bastante identificado com aquilo. Depois mudei de canal, fui ver o Jô e ele entrevistava aquele médico escritor, o Drauzio Varella. E ele dizia que não se deve beber enquanto se escreve, que as linhas se confundem, que no dia posterior as coisas passam a não ter tanto sentido. Foda-se!
Gosto dos livros do doutor, mas em se tratando de doutores, prefiro o Sócrates. Não o da Grécia, mas o meiuca que aplicava calcanhares mágicos e que sempre estava reclamando da ressaca ou da falta de cigarros. Ao final da entrevista, o Varella ainda disse: -Um charuto, tudo bem... Mas um copo de conhaque, nem pensar!
Cantei baixinho:
-Doutor, eu não me engano, meu fígado é atleticano!
Gostaria muito de ter me tornado jogador, e acho que me daria bem. Saberia colocar as palavras nas entrevistas e não seria polêmico. Saberia bater em gol com classe, e jogaria com um número às costas pouco carregado por grandes jogadores. Talvez a 12, que só me lembra goleiros e o francês que só joga quando quer, um tal de Henry. Talvez o 5, mas o Falcão não iria se sentir muito bem lembrado... Não gostaria de ser o 10, pra não me compararem ao Zico. E aplicaria toques de calcanhar, pra dizerem que um novo doutor estava surgindo. Mello, o doutor da gávea. Talvez.
Nas peladas aqui do prédio eu sempre sou escolhido, e sempre gero confusão. Gosto de humilhar os que não sabem jogar, e chuto forte quando fico na frente do último homem.
Escrever, pedalar por aí ouvindo Fugazi, achar emprego na única vez que procurei durante a semana, dormir até uma hora da tarde... Isso é vida.
Trabalhar vendo os aviõeszinhos decolarem, voltar de bicicleta...
Sem fodas, sem tantas bebedeiras, mais comprometido comigo mesmo e fazendo a barba regularmente. É... Quatro ou cinco dias resolvem a sua vida.