quinta-feira, 9 de abril de 2009

m.takara - parado no farol

pensar sobre como seria isso tudo sem mim é minha principal ocupação. ficar esticado na cama, com as mãos cruzadas no peito e contemplar o teto branco. ficar notando as suas imperfeições, as suas divisas, quase não notadas por conta da tinta que cobre o gesso.
a febre gerada pela infecção na garganta me faz tremer. a falta de dinheiro faz com que minha bebida suma. e, apesar dos telefonemas recebidos e das mensagens por internet, sinto que o sentido disso tudo já acabou há muito tempo.
não saber o que procuro, nem o que realmente faço é o principal ponto de partida.
não procuro misericórdia, procuro entendimento. procuro fazer da experimentação diária algo além da rotina. ou fazer da rotina inconstante algo prazeroso e que gere renda.
se ao menos eu fizesse um certo esforço... mas o esforço é além da força. e toda a demanda de falta de coragem vai além do que se já foi medido.
é verdade aplicada, estou enlouquecendo. e enlouquecer não é sair correndo pelado na rua, nem arrancar seus próprios cabelos. é ficar dez horas dormindo, levantar e comer algo. depois deitar e passar mais dez horas olhando pro teto branco. é fazer a barba por não ter o que fazer, e depois me lamentar por voltar a parecer ter a idade que realmente tenho. é ficar olhando pro teto e ver nele o mar, o céu e as gaivotas. é ficar me imaginando do outro lado do país, sentado na beira de um rio. é cansar de imaginar, reclamar imaginando e voltar a dormir.
ouvir meu pai relatar por telefone que eu ando estranho além do normal me dá um certo medo. realmente ando fazendo tudo que não se pode fazer, não fazer nada.
sou um exemplo torto pro meu irmão, que já me disse que quer ser igualzinho a mim quando crescer. e isso me fez chorar por horas, com a coberta no rosto.
só gostaria que tudo isso tivesse fim, e que meu corpo não fosse lançado da janela.
tenho um carinho especial por mim. gosto do meu corpo, do meu cabelo, dos meus olhos. gosto da minha voz. seria idiota demais fazer tudo isso se tornar uma massa disforme na calçada de entrada do prédio. não, desisto.
preciso de um remédio, não da pena alheia. preciso.
não busco chamar a atenção dos outros, nem comentários que me condenem. só busco explorar essa idéia e fazer com que minha cabeça veja que meu corpo pode ir além. ou além disso.
sonho com uma chuva, há horas. quando chover, prometo que vou sair na rua e correr um pouco. fazer o suor brotar e retomar a sensação de estar vivo.
e quanto ao que todos irão achar em relação ao relatado, digo que vai além.
é preciso passar por esse inferno sem paredes pra saber o quão frio é aqui.

3 comentários:

Guilherme Toscano disse...

Aprendi na vida que as coisas são passageiras. Por pior ou melhor que sejam. Stand up, man. Aguenta que passa, cara.

carolina disse...

no acampamento?
nao, nao
na parte dos chopps..

:*

camilacorado disse...

a chuva lava, a alma sara.