terça-feira, 31 de julho de 2007

Poço de Hombridade

''Desde que eu me entendo por gente,
Volta e meia eu tenho o mesmo sonho.
Quer dizer, são dois os meus sonhos recorrentes,
Mas um deles nem é tão ruim assim.
Nesse outro, que é o mais pertubador de todos,
Eu me vejo conversando com um pequeno grupo de pessoas
quando,
De repente,
Eu sinto todos os meus dentes se soltando na minha
boca,
Sem qualquer explicação razoável,
Todos eles tentando avançar na direção da minha
garganta.
Sem outra opção,
Eu encerro a conversa imediatamente
E saio andando com pressa na rua,
Tentando fazer com quem ninguém perceba o que está
acontecendo
O que se revela um esforço completamente inútil,
Porque os dentes
(supreendentemente brancos, volumosos e arredondados)
Começa a escapar da minha boca,
Empurrados por uma violenta cachoeira de sangue,
E espalhafatosamente caem na palma da minha mão.
Desesperado, eu tento perdir socorro e o sonho acaba.
Exatamente aí.
Eu acordo sempre nessa parte.''

Jair Naves.

Sobre a Indiferença

Sobre a indiferença, há um nobre segredo: ela se apresenta em poucos.
Olhe para os olhos, não faça movimentos com a boca. Mantenha o olhar de lado, mas sempre olhe nos olhos.
Demonstre frieza, mesmo se for o mais palerma dos mortais. A frieza é um dos quesitos para o êxito.
Passe a mão na nuca, olhando um pouco para baixo e bagunçando os cabelos. Isso vai demonstrar um certo desinteresse pelas palavras alheias.
Mesmo que você esteja se sentindo algo frágil, pequeno, mostre-se forte e sempre pronto para tudo. Se você fumar, fume pouco. Os cigarros denotam uma certa inquietude, se é que me entende.
As roupas também são importantes. Muito importantes! Você tem que usar boas roupas, dentro do seu padrão. Tem de manter a postura ereta, sem se curvar muito. Deixando sempre o queixo alto e o os olhos em um bom nível.
Se, depois disso, você não conseguir demonstrar indiferença, é simples: seu ''oponente'' é mais esperto que você.

domingo, 29 de julho de 2007

Ploct!

Não tenho o mesmo brio de outros tempos. É só olhar para tudo e constatar: muita coisa mudou.
O difícil disso tudo não é conviver com a perda. Não. O difícil é conviver com os ganhos, saber digerir e não magoar as entranhas.
Tudo bem, já não sinto nada. Mas, queria tanto sentir como sentia!
O fato é que não há, e nunca haverá, uma uma explicação sobre esse negócio de perder e ganhar.
Já não sofro, não choro e ando com minhas próprias pernas. Mas, eu não queria só não chorar. Entende?
Ela pega na minha mão e começa a dançar. Eu, muito cansado, digo que prefiro ficar sentado e olhar o jeito que os olhos dela abrem e fazem um desenho estranho.
Enfim, vou levando. Quando não der, eu sento e fico olhando.

terça-feira, 24 de julho de 2007

O cigarro de chocolate

''Talvez precise bem mais que um sorriso incapaz de me prender a atenção.
Mas foi tão bonito estarmos sentados, aqui, sem dizer nada, esperando o calor tomar corpo.
(...)
Só sei que quero parar de fingir não ver no dia um caminho cada vez mais longo. Só sei que quero voltar a acreditar que a vida seja, bem mais, que um horizonte.
(...)
Não posso continuar a acreditar que a vida seja algo tão distante...''

Começando o dia, terminando a noite. Banho tomado. É sempre assim, quando tudo está escuro e sem nexo, algo aparece e faz de tudo algo mais sem sentido ainda. Mas, ao contrário do primeiro estágio, a luz até faz meus olhos arderem.
Não posso falar muito, pode ser só momento. Mas, mesmo que tenha sido só aquilo, já valeu. Já foi de grande valia, já me fez ficar com ar novos nos pulmões.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Sendo eu, por um dia

Ouvindo a banda que convém, bebendo um belo conhaque e fumando os mesmos cigarros que meu poeta preferido fumava.
É, o tempo passa, não é? No decimo quarto dia do corrente mês completou-se um ano desde o primeiro ''oi''.
Nada de lamentações, certo? ''Eu mereço, enfim.''
Hoje, só hoje, não vou fazer a barba. Não vou colocar uma camisa, nem vou baixar a perna da calça. Hoje, só hoje, eu sou como sempre quis ser. Seguirei, como sempre quis seguir, curando uma ressaca com outro porre e penando para ir até a próxima esquina comprar mais um maço de Malboro.
Ao lado de meu amigo ruivo, com o conhaque nos apoiando, eu encerro. Abraço!

terça-feira, 3 de julho de 2007

Só ano que vem!


O melhor álbum que comprei ultimamente.
E o carnaval, só ano que vem!