domingo, 3 de agosto de 2008

crônicas de um sujeito louco - parte I

centro da cidade, madrugada de sexta para sábado. encontrei uns amigos, bebemos umas duas ou três cervejas e fomos ao café central. lá eles servem cachaça, daquelas bem amarelas. é uma beleza!
lá nós bebemos bastante, saí meio alto. bebemos mais cerveja, e eu estava fumando sem parar. a noite tinha tudo pra acabar mal, pra acabar em uma calçada, perto do centro. não sei como fiz, e nem como pensei naquilo tudo. fiz, fui até lá.
pensei: chegar essa hora e tocar o interfone da casa de alguém é meio estranho, mas eu não vou voltar. estava na porta, e tinha caminhado bastante. precisava sentar e conversar, mesmo sem bebidas. ''você bebeu, não é?''; lógico, eu não sou naturalmente corajoso. quem é?
ela ainda faz piadinha, sobre a minha insegurança.
pois bem, deu certo. só lembrava do último número do apartamento, mas o prédio tinha seis andares. liguei em todos. até que uma voz meio acanhada atende, tentando entender o acontecido. meio louco, eu sei. ''tudo bem, tô indo aí!''; e foi.
deu vontade de sorrir, de cantar, de ficar olhando pro teto com a mão na barriga e não segurar a risada. não foi a minha maior loucura, mas chegou perto, bem perto, das maiores. alta madrugada, seus pais em casa e tudo mais ao meu favor. exceto aquele carro, que ficava rondando o prédio.
pena que os dias passam rápido, e que os intervalos apagam aos poucos as sensações. merda, o tempo tinha que correr mais devagar. noites como aquela nunca acontecem duas vezes ao mês.
o jeito de falar não é o mesmo de antes, e as palavras engraçadas já não são mais engraçadas.
usar falas de filmes passou a ser normal, e a gente precisa de mais um filme, sabe como é?
''você já me conhecia nessa época?'';''há muito tempo a gente se fala, né?''
e eu acreditaria em você, pode ter certeza. sucess full, saca?
eu fiquei meio surpreso, lógico. mas eu acreditei. e vou continuar acreditando, enquanto você abrir o portão de madrugada e sentar pra conversar comigo.
e dá vontade de sentar e ficar ali, comentando as coisas idiotas da vida. sem ver o tempo passar, e rindo da sua cara de preocupada.
eu não vou morrer de tanto beber, nem vou ser assaltado quando estiver voltando pra casa. não vou ter problemas por conta do cigarro, nem pegar uma gripe gerada por falta de roupa e excesso de frio.
fica meio complicado terminar com uma frase de efeito, ou com um bordão do cinema, ou com um trecho de música. é melhor ficar calado, olhar pro lado e imaginar que do outro lado da cidade há alguém importante. alguém que eu gosto, que me importo e que sempre me fez bem, mesmo quando fazia mal.