sexta-feira, 25 de abril de 2008

Calma!

Está tudo bem acho que sempre foi assim
Nada pra sentir espero outro dia vir
Eu quero te ligar, eu quero algo pra beber
Algo pra encher, algo que me faça acreditar

Sempre ausente, me faz sorrir
Sempre distante, dorme aqui


quarta-feira, 23 de abril de 2008

joão nogueira e a primeira pessoa do verbo cair

verbo cair, na primeira pessoa do singular. eu caio. é, eu caio. caio. caio. caio. tento levantar, mas escorrego e caio, outra vez. e caio mais, quando começo a escorregar no chão molhado do meu corredor. joão nogueira, aquele sambista, dizia que quando se encontrava em crise ia até o banheiro mais próximo, ligava o chuveiro e se colocava em posição fetal, pelo tempo que aguentasse. e é isso que sempre faço. fico lá, deixando a água cair na nuca, escorrer pelo corpo e descer pelo ralo. e, como o mesmo joão nogueira dizia, é com a queda que a casca se forma.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

o dia que o céu chorou

você não pode partir assim, meu amigo. você não pode. quem vai segurar a minha mão e me acalmar? você, meu amigo, é tudo de mais verdadeiro e real na minha vida. você viajou pelos quatro cantos do mundo, provou todos os sabores que eu sempre sonhei. provou que ser grande é bem mais que ter mais do que um metro e sessenta. você, baixinho e forte. forte como uma rocha, diga-se de passagem! a gente já conversou sobre a vida, várias vezes, e você sempre dizia que a morte é o último ato. diz sempre que morrer é algo que necessita de arte, de cor, de muito além do que a gente vê diariamente. você, meu bom amigo. você é o sujeito mais durão que eu conheço, acredite. é muito maior que eu, sabe? é forte, é brilhante. consegue olhar pra mim, com o rosto banhado em lágrimas, e dizer um ''o que foi, filho?'' tão doce e, ao mesmo tempo, tão duro!
é inveja mesmo o que eu sinto quando você conta as histórias que viveu na venezuela. é muita inveja o que eu sinto quando você conta que já acampou por aí, sem dinheiro no bolso e sem muita coisa na cabeça. você, que sofreu na época da ditadura e que foi obrigado a dar aulas em escolas vigiadas, pra não morrer de fome. você, meu amigo, que abriu a porta aquele dia e disse que tudo iria ficar bem. pegou na minha mão, chorou junto comigo e saiu. se você for, meu grande amigo, não sei o que vou fazer. realmente, não sei. força, viu? conte comigo, assim como eu sempre contei com você. afinal, como você sempre diz, somos nós três. você, eu e o meu irmão. fechados.