segunda-feira, 28 de maio de 2007

Olhos, os mesmos

Falar sobre o passado e o futuro é complexo demais. Ando meio sem rumo, isso nunca foi segredo. Cada vez mais viciado no álcool, o sono só vem quando o peso dele cai sobre meus ombros. Até mesmo falar sobre formigas, tudo me dá desanimo. Quando olho a lista de tarefas do dia, quando penso que tenho que assistir ao noticiário para manter-me informado, quando escuto as canções que costumo escutar quando estou por essas bandas, sempre deixo que a memória traga lembranças de um tempo pouco distante.
Escuto histórias de uma menina que trabalha no correio e que namora um rapaz eletricista, isso me dá medo. São tantos os motivos para fazer o ventilador parar, mas a energia que ele consome eu não pago.
Os dias têm sido assim, à base de conversas massantes e de muita dor de cabeça. Sempre acaba em um beijo, eu sei, mas sempre acabo bêbado.
O presente é diferente, hoje eu estou mais normal. Não houveram decisões marcantes, mas houveram fatos que marcarão. Houveram, acima de tudo, momentos memoráveis.
Sobre a frustração sempre está a facinação, essa sempre me acompanhou.
Com essas lembranças eu até esqueço da chama que gera fumaça, que envolve a sala e o quarto ao lado em que meu amigo dorme e se prepara para um novo dia. Amigo, grande favor me fazes! Quem mais abrigaria um sujeito desordeiro e que cozinha mal como eu? Grande pessoa, com grande espírito e com uma alma nobre.
Amanhã, só amanhã, nascerá um novo sol. Um sol que, consigo, consegue trazer luz e ardor nos olhos. Causa ardor nos olhos de sempre, que continuam a ver as mesmas coisas novas.

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