sexta-feira, 28 de março de 2008

"é gol, porra!"

os versinhos martelando na cabeça, os olhos levemente marejados, a cabeça pesada por conta da falta de sono e o peso nos ombros. acordei desesperado, por conta do horário. totalmente cansado, por conta do futebol de ontem. derrotar aquele time foi muito bom, acreditem! júlio, felipe e eu, em uma perfeita sincronia. os gols saiam, saiam acompanhados de gritos carregados de raiva, a camisa foi ficando ensopada e o desgaste não passava de uma dorzinha, que nem chega a ser relevante.

- é o último aviso do meu time, pare com essas gracinhas!
- que nada, gordinho... tira esse dedo da minha cara e joga calado.
- você tá muito marrento!
(...)
- júlio, e se ele me bater?
- que nada, bicho... ele nunca vai encostar um dedo em você, eu não deixo.
- foi muito bom ganhar desses otários, cara. que gol lindo, ein?
- já vou dormir feliz!

e foi asssim que eu arrumei a primeira briga no meu prédio, depois de algum tempo sendo o cara mais pacato de todos. mas, qual opção eu tinha? eu não fiz gracinha, só tava jogando um pouquinho mais solto e fazendo gols que geralmente perco. é, ontem eu me senti o sujeito mais invejado daquela quadrinha. não pelos gols, muito menos pelos passes, mas pelos amigos que tenho. grande barba ruiva, viu? acho que vou lembrar da noite de ontem pro resto da minha vida.
mas, como tudo sempre tem seu lado ruim, hoje eu noto que perdi a carteirinha do setransp. é, eu sei que foi falha minha. devem ter achado a carteirinha, com todo o crédito que coloquei. não vou mandar cancelar, lógico. a pessoa que achar, se achar, deve ficar muito feliz. e mesmo que eu cancele, o motorista nunca olha a foto. enfim, vou pagar passagens inteiras até o final do semestre. legal, né? pois é, meu pai também ficou muito feliz ao saber. ele me chamou até de irresponsável. se ele tivesse assistindo aquele jogo... eu juro que ele nunca mais diria que eu só sei dormir.

- jogou demais, cara. jogou demais!
- dobradinha mágica, ein? a gente tá parecendo a dupla de ataque do atlético.
- é, nem tanto...

e é isso. apesar de todas as marcas pelo corpo, da carteirinha perdida, da vontade de dormir por dois dias e de todos os apectos negativos, aquela foi a noite mais memorável dos últimos anos.
e, como eu disse aquele dia, o que a campininha une, ninguém separa.
se quiser nos assistir jogar daquele jeito outra vez, é só pedir aos céus que o atlético ganhe de seis a zero, que o júlio esteja com fome e com bolha no dedão, que eu esteja com a bermuda rasgada e que o time dos nervosinhos esteja ainda mais nervoso. lógico, precisaremos de sorte e de tênis novos.

- quero só ver, andré. amanhã eu te pego, viu?
- que nada, cara, pra quê isso? amanhã eu deixo você ganhar e ainda pago um suco. fica bravo não tá, gordinho?